Jornal Estado de Minas

Com carnaval, táxi vira artigo de luxo

Foliões que decidem respeitar Lei Seca enfrentam dificuldade em conseguir transporte no carnaval. Já taxistas comemoram a demanda do período, mas reclamam do trânsito

Pedro Rocha Franco Paula Carolina
Mateus Moreira (6º à direita) e os amigos de Bambuí só rodam de táxi durante a folia em BH - Foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press

Nem cerveja nem água nem catuaba. Item de luxo na ala consciente do carnaval de Belo Horizonte é o táxi. A cada bloco, dezenas de foliões disputam com dedo em riste quem dá sinal para o próximo taxista. Seja para voltar para casa ou buscar o próximo bloco do dia, o transporte é a forma segura para quem quer aproveitar o carnaval, respeitando a Lei Seca e diminuindo o risco de acidentes.

 

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Não à toa, pela primeira vez, o taxista José Deusdedit decidiu ficar em Belo Horizonte e trabalhar em pleno carnaval. “Antes não tinha sentido nenhum ficar aqui”, diz, sobre a baixa demanda por passageiros anos atrás. Segundo ele, basta parar o carro em ruas próximas dos blocos para os foliões “brigarem” para ver quem vai primeiro. Nem mesmo os bêbados incomodam.

“Pelo menos eles estão sendo conscientes e preferindo ir de táxi”, afirma. Gisele Ribeiro também comemora. “É o dia inteiro e a noite toda (de corridas). Deveria ser carnaval o ano todo”. Somente no sábado, a taxista faturou cerca de R$ 400 a mais do que o habitual e ontem e expectativa era ainda maior.

Direto de Bambuí, no Centro-Oeste mineiro, o universitário Mateus Moreira e uma turma de amigos escolheram aproveitar o carnaval na capital pela primeira vez. Hospedados no Santo Antônio, eles só saem de casa de táxi e perambulam de bloco em bloco. “Só hoje peguei táxi do Santo Antônio para o São Bento, de lá para cá (Avenida Brasil), e depois vamos voltar para o Santo Antônio”, diz ele. Além dos amigos, o motorista leva no porta-malas cinco fardos de cerveja e três pacotes de gelo para abastecer a farra dos jovens. De táxi, o administrador de empresas Nelson de Castro e a médica Jaqueline Castro preferiram deixar o carro no estacionamento e cair na folia sem ter que se preocupar com a volta para casa. “Já perdi muito amigo em acidente. Assim, a gente pode beber mais à vontade”, diz ela.

'É o dia e a noite inteira de corridas. Deveria ser carnaval o ano todo', Gisele Ribeiro, taxista, que faturou R$ 400 a mais só no sábado - Foto: Sidney Lopes/EM/D.A PressMas, do outro lado, nem tudo é folia. Taxista há quatro anos, Luiz Henrique Nunes Rocha reclama da dificuldade em pegar passageiros.
“O trânsito está ruim e a cidade não gira. O pessoal fica todo num lugar só. Quando o bloco acaba, sai todo mundo de uma vez. É claro que não vai ter táxi para todos”, afirmou.

EMBRIAGUEZ 
Um taxista com sintomas de embriaguez causou um acidente no Bairro Pindorama, Região Noroeste de BH, na tarde de ontem. Segundo a PM, o taxista bateu na traseira de um Onix e  afirmou ter tomado uma cerveja, mas se recusou a realizar o teste do bafômetro. Pedro Moreira Rocha, de 44 anos, foi multado e encaminhado à delegacia do Detran.

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