A campanha “Sou pela vida. Dirijo sem bebida”, como ficou conhecida a fiscalização da Lei Seca mineira, tirou folga neste carnaval em BH. Há blitzes da Polícia Militar, mas nada que enfrente o bombardeio das indústrias de bebidas com suas ações promocionais na folia da capital. Desde o dia 12, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que coordena a campanha, deixou de realizar a operação integrada. Naquele dia, o balanço foi de 161 abordagens e ninguém detido por dirigir sob efeito de bebida alcoólica.
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Realizada desde junho de 2011 em Belo Horizonte, a campanha, além de fiscalizar, desenvolve ações educativas como distribuição de folhetos e orientação de motoristas e passageiros nas blitzes. É realizada pela Seds em conjunto com as polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Guarda Municipal e BHTrans. Além de BH, mais 11 cidades de grande porte foram incluídas na campanha.
O pesquisador Waldir Ribeiro Campos, autor do estudo “Beber e dirigir em Minas Gerais”, que considera a iniciativa positiva, criticou a suspensão da ação durante o carnaval. “Fico perplexo, pois isso vai contra todo avanço em direção a uma política para a questão do álcool. Uma campanha educativa deveria ter sido preparada antes do carnaval, pois o contexto é de saúde pública”, afirmou.
Em três dias de festa, não foi divulgado balanço parcial de motoristas flagrados embriagados nas blitzes da PM. Até o fim da tarde de ontem, em 10 horas do plantão policial do Detran, o delegado Fernando Andrade somava cinco motoristas detidos por dirigir sob efeito de álcool, que, segundo informou a assessoria da Polícia Civil, foram detidos em blitzes.
Na contramão da estratégia da polícia mineira, no Rio de Janeiro, palco do maior carnaval do país, uma megaoperação foi traçada para fiscalizar os mais tradicionais pontos de festejo, como as praias da Zona Sul carioca e a Região dos Lagos, pela manhã e à noite. Serão 75 blitzes com atuação de 250 agentes, até mesmo no Sambódromo.
Em Minas, por questão estratégica, a PM não informa o número de agentes nas operações e nem quantas blitzes serão realizadas. O tenente-coronel Cássio Eduardo, do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), afirma que, desde a sexta-feira, ocorre ação de maior porte, no fim da noite e madrugada, em grandes corredores na área central, com apoio da Guarda Municipal. “Além da blitz conjunta, todas as nossas equipes, quando não empenhadas em casos de acidentes, estão priorizando a fiscalização”, afirmou.
VISIBILIDADE O consultor de trânsito Alfredo Peres, ex-diretor do Denatran, considerou “estranha” que uma campanha como a “Sou pela vida”, que integra vários setores de segurança e tem ações educativas, tenha sido suspensa exatamente no período de folia. “Como querer ganhar o jogo com sete jogadores ao contrário de 11?”, questionou. O consultor, que integrou a comissão de elaboração do anteprojeto do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é defensor de intervenções educativas no trânsito e participação integrada de estado e município.
Peres destaca que a continuidade de campanhas como a “Sou pela vida” representa maior visibilidade da fiscalização, do número de equipamentos, como bafômetros e viaturas, além de pessoal, com melhores resultados e economia.
MEMÓRIA:
Copa também sem blitzes
Em plena Copa do Mundo de 2014, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) também deixou de realizar as blitzes da campanha “Sou pela vida. Dirijo sem bebida”.