O antigo prédio onde funcionava a estação ferroviária da Gameleira, na Região Oeste de Belo Horizonte, será a sede do primeiro museu da saúde de Minas Gerais. A área da estação, completamente abandonada, será recuperada em uma parceria da Fundação Ezequiel Dias (Funed), a Prefeitura de Belo Horizonte e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para receber o museu “Estação Ciência na Cidade do Circo”.
A Estação Ferroviária Gameleira foi aberta em 20 de junho de 1917, mesmo ano em que foi construído o prédio que sediará museu. A linha tem uma extensão de 633km, ligando o Rio de Janeiro à capital mineira, através da linha do Paraopeba, por acompanhar em boa parte de sua extensão o rio com o mesmo nome.
O local recebeu passageiros e funcionários da extinta Rede Ferroviária Federal até 1979 quando, depois de algumas tentativas de reativação, foi extinto. Completamente abandonada, entre os anos de 2008 e 2009, a estação foi transferida da União para a Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte, sendo tombada pelo Patrimônio Histórico.
De acordo com a Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Funed, Esther Margarida Bastos, uma das idealizadoras do projeto, a proposta é utilizar o clima descontraído e festivo das artes circenses para aproximar a população de conceitos científicos e possibilitar a popularização da ciência.
“Dados históricos relatam que, em 1922, a Funed utilizava um vagão denominado Vagão da Saúde nas ações de profilaxia e nas expedições científicas pelo sertão mineiro. Vamos tentar resgatar essa ideia com o Museu na estação”, afirma Esther Margarida Bastos. Segundo ela, historicamente, as trupes de circo se deslocavam em Minas Gerais por meio de trem de ferro. Com o museu, será possível fundir a proposta da Funed com a de criação da Escola de Circo, pretendida pela Prefeitura por meio da Fundação Municipal de Cultura.
A Fundação Ezequiel Dias também já recebeu a doação feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) de três vagões de carga - de 16 metros de comprimento cada um – que eram pertencentes à extinta Rede Ferroviária Federal Vera Cruz. Os próximos passos são obras de restauração da área e dos vagões que integrarão as exposições. Para isso, a Funed está captando recursos através de parcerias e incentivos fiscais como a Lei Rouanet, de incentivo à cultura.
Por meio de uma visita ao museu, o público compreenderá que o conhecimento científico atual é o resultado de um processo histórico de pesquisas, o qual permite o desenvolvimento de produtos e serviços que estão presentes no cotidiano das pessoas. Serão abordados temas como vigilância sanitária, doenças infectocontagiosas, tipos de vírus, transmissões, evolução das patologias, produção farmacêutica e animais peçonhentos como serpentes, aranhas, abelhas e escorpiões. O diferencial, além da exposição lúdica, por meio da arte circense, será a interatividade. Em outro, de acordo com o projeto, a interação será feita por meio das atividades do circo.
No terceiro vagão será reconstruído o laboratório de bacteriologia utilizado por Ezequiel Dias e sua equipe há mais de 100 anos. Uma das portas laterais do vagão será aberta para uma pequena plataforma, de onde os visitantes poderão observar o pátio tecnológico da Fundação Ezequiel Dias, com sinalização de cores e áudio explicativo.
(Com informações da Agência Minas)