Os bloqueios feitos por caminhoneiros nas BRs 381 e 262 já começam a impactar empresas de Minas Gerais e de outros estados. Na tarde desta segunda-feira, a montadora Fiat dispensou os funcionários de dois turnos por causa da falta de peças. Os caminhões com o material ficaram presos na manifestação. Somente na Fernão Dias, estrada que liga Belo Horizonte a São Paulo, quatro trechos estão parcialmente fechados. Veículos de carga estão proibidos de passar pelos locais. O congestionamento na rodovia já ultrapassa os 36 quilômetros.
De acordo com a assessoria de imprensa da Fiat, os funcionários do turno da manhã, que se encerrou às 15h, trabalharam normalmente. Porém, começou a faltar peças específicas no estoque da fábrica. Para não montar carros com menos material, a empresa resolveu dispensar os operários dos turnos da tarde e noite.
A falta do material é causada pela manifestação dos caminhoneiros. Caminhões da montadora foram parados no protesto e não conseguem chegar até o ponto de montagem. Caso a situação não seja normalizada até a noite desta segunda-feira, os funcionários podem ser dispensados do trabalho nesta terça-feira.
O protesto que começou na madrugada de domingo em dois pontos da BR-381, entre Belo Horizonte e São Paulo, aumentou para quatro locais de bloqueio pelos motoristas na manhã desta segunda-feira. No início da tarde, os veículos de carga também passaram a bloquear parte da pista da BR-262, em Juatuba, na Grande BH. Há congestionamentos nas duas estradas. Ainda não há previsão para a liberação.
O protesto na BR-262 acontece no km 368, na pista sentido Betim/ Juatuba. De acordo com a concessionária Triunfo Concebra, que administra a rodovia, uma faixa e o acostamento seguem fechadas. Apenas veículos leves e ambulâncias podem trafegar pelo trecho. O congestionamento na região já ultrapassa os quatro quilômetros.
A paralisação no trânsito na rodovia já atinge os moradores de Juatuba. Rafael Quirino G. Costa, de 26 anos, que trabalha no setor de logística automotiva, informou que ninguém consegue entrar na cidade pela BR-262. “Está complicado entrar em Juatuba, deixo um alerta para os motoristas. Meu cunhado é motorista de ônibus e estava passando lá. Ele faz a linha Betim/Juatuba/Mateus Leme, mas teve que mudar a rota. Ao passar pela BR-362 para entrar na cidade, não conseguiu e teve que fazer um retorno pela MG-050”, afirma.
O trânsito também continua complicado na BR-381 em quatro pontos entre Belo Horizonte e São Paulo. Desde o início da manhã, os bloqueios ocorrem nos dois sentidos da rodovia, na altura de Igarapé, na Região Metropolitana de BH, Oliveira, Perdões, e Santo Antônio do Amparo, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais. O congestionamento total da manifestação já ultrapassa 36 quilômetros.
Segundo a Autopista Fernão Dias, concessionária que administra a rodovia, o congestionamento em Igarapé vai do km 521 ao 513, em direção a BH, e do km 496 ao 513 na direção contrária. Em Oliveira, os caminhões estão parados do km 622 ao km 617 em direção a capital mineira, e do km 616,5 até km 617. Em Santo Antônio do Amparo, a interdição vai do km 637 ao km 636 no sentido SP/BH. Já em Perdões, os motoristas fecham parte da via do km 681 ao km 677, em direção a BH, e do km 676 ao 677 na pista contrária.
Os motoristas protestam contra a alta do preço do óleo diesel e exigem o aumento do valor do frete. Eles reivindicam ainda a revisão da Lei 12.619, aprovada no Congresso e que deve ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Segundo a legislação, o motorista deve repousar 11 horas num prazo de 24 horas e parar por uma hora por refeição. Os caminhoneiros querem 8 horas de descanso.
Liminar na Justiça
Em 2013, caminhoneiros também fizeram um longo protesto nas rodovias mineiras. Na época, a paralisação foi convocada em todo o país pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) para reivindicar aprovação imediata de projeto de lei que aprimora a Lei 12.619/12 (Lei do Descanso), em discussão no Congresso, reduzindo o tempo de descanso de 11 para oito horas diárias, além da redução de tributos no óleo diesel e isenção de pagamento do pedágio para veículos de carga.
Os motoristas só deixaram as rodovias depois de uma decisão da Justiça Federal que estipulou multa diária de R$ 100 mil caso as estradas não fossem liberadas.