As investigações sobre o atentado contra o promotor de Justiça de Monte Carmelo Marcus Vinícius Ribeiro indicam que o crime cometido no último sábado foi motivado por vingança. Apresentado nesta segunda-feira na Cidade Administrativa do governo de Minas, Juliano Aparecido de Oliveira, filho do ex-vereador Valdelei José de Oliveira, é apontado como o responsável pela tentativa de homicídio. Em depoimento à polícia, ele disse que tentou matar Marcus por ele ter sido um dos responsáveis pela investigação que culminou com a cassação do mandato de seu pai.
Durante a apresentação à imprensa, representantes da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Polícia Civil, Polícia Militar e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) falaram sobre a ação conjunta para solucionar o caso. “Uma violência desse tipo é inaceitável a qualquer cidadão. Nesse caso em especial, é uma resposta de Estado quando existe uma agressão a qualquer membro do Sistema de Defesa Social que trabalha para trazer segurança à sociedade. Essa resposta conjunta visa, também, coibir e dizer que o Governo de Minas não admite, na sua luta pela busca da legalidade, ataques às forças de segurança”, destacou Bernardo Santana.
Juliano não quis falar sobre o crime. No entanto, afirmou ter agido sozinho e negou que seu pai tenha participação na tentativa de homicídio. Segundo a Polícia Civil, o suspeito aguardou a saída de Marcus em frente à promotoria por várias horas no sábado. A vítima chegou a entrar em seu carro, um Pálio Weekend, que logo foi alvejado por 15 disparos de arma de fogo. O filho do ex-vereador disse aos policiais que ainda teria tentado recarregar a arma, mas a pistola usada no crime travou e ele acabou fugindo do local em uma motocicleta. Ele deve ser indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificada, por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O promotor foi socorrido e encaminhado para uma unidade de saúde de Monte Carmelo, mas devido à gravidade do caso acabou sendo transferido para o Hospital Santa Clara, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O último boletim médico, divulgado às 17h desta segunda-feira, informa que o paciente apresentou melhora significativa e respira sem a ajuda de aparelhos. Marcus se recupera bem dos ferimentos provocados pela arma de fogo, mas ainda necessita do uso de um dreno no tórax devido a uma lesão pulmonar. Ainda de acordo com o relatório, ele deve deixar a Unidade de Tratamento Intensivo ainda nesta segunda, sendo transferido para o quarto. O pai do suspeito também permanece detido, até que se esclareça se houve participação do ex-parlamentar – cassado após a Operação Feliz Ano Novo – no atentado em Monte Carmelo.
Motivado pelo crime contra o promotor, o Conselho Nacional de Procuradores -Gerais (CNPG) anunciou a realização do encontro do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC) no próximo dia 27 em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A reunião contará com a presença do procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Carlos André Mariani Bittencourt, e dos membros dos Gaecos Central e Regionais mineiros. Paralelamente, o CNPG, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), a Associação Mineira do Ministério Público (AMMP) e a Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) realizarão ato conjunto em repúdio ao atentado e em defesa da atuação do Ministério Público.
Operação Feliz Ano Novo
No dia 10 de dezembro de 2013, foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão de documentos e provas, nas cidades de Monte Carmelo e Uberlândia durante a Operação Feliz Ano Novo realizada pelo Ministério Público de Minas Gerais , por meio da Promotoria de Justiça de Monte Carmelo e do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (GCOC). Foram apreendidos mais de 20 computadores e documentos na Prefeitura e na Câmara Municipal de Monte Carmelo, em um escritório de contabilidade e em mais 12 endereços.
Segundo o MP, as apurações mostraram a formação de uma estruturada organização criminosa, na qual estavam envolvidos servidores públicos de Monte Carmelo, bem como políticos que foram derrotados nas eleições de 2012 na cidade. A quadrilha atuou em processos licitatórios realizados em 2013 voltados a limpeza de vias públicas e praças, além de reformas de unidades de saúde do município. Esses processos sequer eram realizados de verdade.
As empresas envolvidas no esquema participavam apenas para dar aparência de legalidade aos contratos, quando, na realidade, já estava tudo direcionado à vitória das empresas eleitas pelo grupo para prestar os serviços e cometer crimes contra a administração pública local.