Desde 2002, ano da morte do promotor Francisco José Lins do Rêgo Santos, foi criada em Minas Gerais a Coordenadoria de Planejamento Institucional (Copli) para resguardar a vida dos promotores, com apoio da Polícia Militar. Até agora, por alegados motivos de segurança nunca foi divulgado o número de promotores e procuradores do Estado sob ameaça de morte ou que já tenham sofrido atentados, como Marcos Vinicius.
Ubaldino levantou ainda outra hipótese para o crime praticado pelo filho do vereador. Segundo ele, outra frente de investigação de Marcus Vinícius aborda organizações criminosas envolvendo tráfico de drogas no Triângulo Mineiro, com a disputa entre grupos rivais. Em função dessa preocupação, ao saber que o promotor havia sofrido um atentado foi deslocada para a cidade uma equipe do Deoesp, além das polícias militar e civil, que atuaram em conjunto. “Sabemos que o filho do vereador tem ligações com o tráfico na cidade e que já foi objeto de investigações. Se ele foi alertado por advogados, pode estar alegando ter atirado contra o promotor que destruiu a vida do pai dele como forma de atenuar a penalidade. Se for julgado por homicídio simples, a pena prevista é de seis a 20 anos de prisão. Se for condenado por vinculação ao tráfico, sobe para 12 anos a 30 anos de cadeia”, compara Ubaldino, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).
Segundo o procurador, o jovem de 21 anos Juliano Aparecido de Oliveira, filho do ex-vereador de Monte Carmelo mostrou-se frio ao prestar depoimento às autoridades. Revelou também ter escondido a arma do crime em um matagal apontado como lugar usado por ele como esconderijo habitual da pistola calibre 380. “Está claro que ele foi meticuloso e adotou uma certa cautela ao se desfazer da arma, o que demonstra certo grau de inteligência do rapaz”, afirma Ubaldino, que acrescenta ainda que o outro irmão de Juliano já teria sido preso por dano ao patrimônio.
Ao ser apresentado em coletiva, nesta segunda-feira, Juliano Aparecido de Oliveira negou-se a responder às perguntas dos repórteres. Ele só apresentava alguma reação, fazendo gestos de negativa com a cabeça, todas as vezes em que foi perguntado se o pai dele estava envolvido no crime.
O pai está preso pelas autoridades entenderem que pode haver necessidade de novos esclarecimentos. De acordo com os delegados, Juliano foi preso por volta de meia noite, na casa da irmã da sua companheira, em pleno churrasco, na cidade próxima de Romaria. Ele foi para a comemoração depois de descarregar 15 tiros no promotor, dos quais acertou três, sendo dois nas costas e um no braço. Ainda tentou recarregar a arma, mas o pente de balas caiu no chão e ao se abaixar da moto para pegar, o revólver travou. Nesse meio-tempo, Marcos Vinicius conseguiu correr e gritar por socorro. “Testemunhas disseram que ele montou campana na praça José Bonifácio a tarde inteira, em frente ao Ministério Público, montado na moto, aguardando a saída do promotor. Ele dava umas saídas para despistar e depois voltava.
Na tarde desta segunda-feira, durante entrevista à imprensa na Cidade Administrativa, ressaltou-se a importância da integração das forças de segurança para o esclarecimento do crime. Participaram da entrevista o secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, o chefe da Polícia Civil, delegado-geral Wanderson Gomes, o comandante da Polícia Militar e o coronel Marco Antônio Badaró Bianchini. “Uma violência desse tipo é inaceitável a qualquer cidadão. Nesse caso em especial, é uma resposta de Estado quando existe uma agressão a qualquer membro do Sistema de Defesa Social que trabalha para trazer segurança à sociedade. Essa resposta conjunta visa, também, coibir e dizer que o Governo de Minas não admite, na sua luta pela busca da legalidade, ataques às forças de segurança”, destacou Bernardo Santana.
De acordo com o chefe da Polícia Civil, Wanderson Gomes, o fato “lamentável e grave” foi esclarecido em menos de 24 horas, com a prisão dos suspeitos e a apreensão da arma utilizada no crime. O delegado observou que o desfecho da investigação foi devidamente embasado com provas testemunhais e materiais, que incluíram até mesmo a constatação de resíduos de pólvora nas roupas e no carro de Juliano..