A Lei 10.119/2011 que dispõe sobre a circulação de carroceiros em Belo Horizonte completa quatro anos nesta terça-feira, mais ainda não foi regulamentada o que impossibilita, na prática, a validade dos artigos propostos pela legislação. Enquanto isso, carroceiros clamam pela regularização da profissão e defensores dos animas batalham pela proteção dos cavalos maltratados no transporte. A prefeitura promete apresentar, nos próximos dias, propostas e conclusões sobre a regulamentação da lei.
O objetivo da legislação é disciplinar circulação de veículo de tração animal e de animal, montado ou não, em via pública do município. Entre outras regras, a lei define que a carga transportada deve ser compatível com o porte físico do animal e que o condutor deve respeitar as leis de trânsito durante o serviço. Além disso, os animais devem estar saudáveis e em condições de segurança. O transporte só pode ser feito em dias úteis e no sábado, sendo reservado o domingo para descanso dos bichos.
O Movimento Mineiro pelos Direitos Animais é contra o uso de cavalos em carroças para o transporte de cargas, mas, segundo a organização, o que resta neste momento é que a lei seja regulamentada e cumprida para afastar os carroceiros que usam os animais de forma cruel. Segundo a integrante Adriana Araújo, a lei é apenas um passo de uma discussão maior sobre este tipo de transporte. “Muitos cavalos são submetidos a sobrecarga, falta de descanso, falta de equipamentos adequados e sofrimento com o uso de correntes, chicotes ou arames. Também ficam sem alimentação, com freios acoplados à boca, expostos à poluição e ao trânsito caótico”. De acordo com Araújo, essas situações podem ser constatadas, por exemplo, em trechos da Avenida Tereza Cristina, na Vila Santo Expedito, onde há animais em situação de maus tratos.
A prefeitura montou um comissão para debater a regulamentado da lei com representantes dos carroceiros, Direitos Animais, Secretaria do Meio Ambiente, BHTrans, Secretaria de Fiscalização e SLU. Em nota, a PBH informa que durante o processo de elaboração do decreto de regulamentação foram apresentados novos projetos na Câmara Municipal, que propõem a extinção da tração animal, diferentemente do que dispõe a legislação. Tal propositura ganhou ainda mais força com a implantação da Coordenadoria Municipal de Defesa dos Animais.
A comissão está discutindo a possibilidade/adequação de extinção do uso de tração animal, alternativas veiculares para substituição das carroças, linhas de financiamentos para aquisição dos novos veículos (se adotados), estratégias e alternativas para capacitação dos atuais carroceiros que não forem continuar na atividade, estudo de medidas adotadas em outras cidades brasileiras sobre o mesmo assunto.