As intervenções para viabilizar tanto o Expresso Amazonas quanto a Estação São José significam investimentos em um “BRT light”, com uma configuração bem mais econômica do que a implantada nas avenidas Paraná, Santos Dumont, Antônio Carlos, Pedro I e Cristiano Machado. No chamado Expresso Amazonas, a concepção básica prevê 41 quilômetros de faixas exclusivas em 10 corredores, além de reformas nas estações do Barreiro e construção de outro terminal na Região Oeste, com o intuito de operar em conjunto com uma das estações da futura Linha 2 do metrô de BH. Do custo estimado de R$ 149 milhões, R$ 141,55 milhões vêm de financiamento do governo federal, enquanto a PBH dará R$ 7,45 milhões de contrapartida.
O procedimento mais adiantado na expansão do sistema se refere ao BRT na Avenida Pedro II. A via não conta com corredores separados para o transporte coletivo, como ocorre na Antônio Carlos e Cristiano Machado, embora tenha faixas exclusivas demarcadas do Centro de BH até o Anel Rodoviário, por onde já circula uma das linhas do Move. Com a construção da Estação São José, a BHTrans pretende implantar mais quatro linhas, sendo uma direta ao Centro, uma até os hospitais, outra até o Bairro Padre Eustáquio, atendendo também o Bairro Alípio de Melo, ambos na Região Noroeste, e a última até a Avenida Afonso Pena. As obras estão orçadas em R$ 59,6 milhões, sendo R$ 22 milhões da PBH e o restante já autorizado pelo governo federal. Segundo Sudecap, o projeto executivo está em fase final de conclusão e a previsão para publicar o edital das obras é até 30 de junho.
Com a expansão do BRT/Move, a BHTrans informa que mais linhas terão função tronco-alimentadoras, que consiste em ligações com terminais de transbordo e conexão, prometendo interação entre o Centro e as estações, ampliação de passageiros atendidos e maior oferta de horários, com a racionalização do sistema. De acordo com a empresa, essa lógica começou a ser implantada em 1997, com as estações BHBus Diamante, Barreiro e Vilarinho, que concentravam 25% das linhas circulantes na capital mineira. Com essa primeira etapa de implantação do BRT/Move, o percentual dobrou, chegando a 50%. A expectativa da BHTrans é atingir até 70% com a expansão prevista até o ano que vem. “Não é possível chegar a 100%, porque há funções importantes preenchidas por ônibus de linhas diametrais (que ligam um ou mais bairros, passando pelo Centro e com dois pontos finais distintos) e os circulares (percurso baseado na abrangência da Avenida do Contorno)”, informou o diretor de Transporte Público da empresa municipal, Daniel Marx.
'Atendemos ao propósito de rapidez e conforto'
Em entrevista ao Estado de Minas, o diretor de Transporte Público da BHTrans, Daniel Marx, afirma que ainda faltam ajustes para que o BRT/Move reduza o tempo de espera nas estações e supere o vandalismo, mas considera que a proposta inicial de racionalização, redução de tempo de viagem e ganho em conforto tenha sido atingida depois de um ano de funcionamento.
O BRT/Move pode ser considerado um sucesso?
Concluímos e atendemos o propósito de mais rapidez e conforto, que eram aspectos de que a maioria dos usuários reclamavam. Com faixas exclusivas, embarques mais rápidos, ar-condicionado e outros fatores, trouxemos melhorias para a maioria. Mas outras estão sendo implementadas, pois um sistema de 500 mil usuários por dia sempre requer adequações.
O sistema melhorou o trânsito da cidade?
Sim. Chegamos a remover até 95% das linhas de ônibus em certos trechos da Avenida Antônio Carlos, e isso melhorou a fluidez. Onde o tráfego é misto (fora dos corredores do Move), a velocidade média do tráfego em horário de pico subiu de 6 a 7 km/h para acima de 15 km/h, de forma geral.
Mas muita gente ainda reclama da demora das linhas alimentadoras nas estações de integração. Isso será sanado?
Já fizemos alterações que melhoraram essa espera. Alteramos o percurso, principalmente na aproximação das estações. Havia linhas alimentadoras que chegavam à porta do terminal e levavam até 10 minutos para entrar, fazendo muita gente descer antes. Fizemos mudanças de engenharia para um acesso mais direto à estação. Sobre a demora, aumentamos o número de ônibus nas linhas carregadas e vamos instalar painéis de informações.
E quanto à depredação, ao mau funcionamento de portas e à falta de equipamentos de incêndio?
Os ônibus das estações centrais já contam com um sistema de acionamento que permite que as portas sejam abertas quando o veículo para. Os botões de acionamento de emergência eram usados para invasões e acesso irregular. Agora, ficam acionados apenas enquanto pressionandos. Essas mudanças devem terminar em 70 dias. A falta dos extintores e outros problemas com o vandalismo demandam mais tempo. Estamos revendo a segurança. Vamos contratar vigilantes para as estações mais atacadas, sobretudo para o período noturno..