Os legistas constataram que o estudante era portador de doença cardíaca - tinha o coração dilatado e estreitamento nas coronárias - e que o consumo exagerado de álcool pode ter potencializado o problema, reduzindo a circulação do sangue para o coração e causando o enfarte que o matou. "É muito provável que o consumo excessivo de álcool tenha potencializado a doença preexistente", disse o diretor do IML de Bauru, Roberto Carlos Echeverria.
O delegado responsável pelo inquérito Kleber Granja já tinha adiantado ao em.com.br na última segunda-feira que o laudo preliminar apontou problemas cardíacos no jovem. Porém, nesta quarta-feira condenou a divulgação do resultado. “O que aconteceu foi um vazamento das informações por parte do IML. Isso vai ser objeto de uma apuração interna.
Estudante do último ano de Engenharia Elétrica, Fonseca entrou em coma alcoólica após ter bebido, segundo a polícia, 25 doses de vodca. Outras três pessoas que participavam da "competição" foram internadas em coma alcoólica. Duas delas receberam alta. Apenas a estudante Gabriela Alves Correa, de 23, continua internada. Todos estudantes são da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, que abriu sindicância para apurar o caso.
O delegado Kleber Granja, que preside o inquérito, disse que o resultado do laudo não muda a linha das investigações e a concepção da polícia de que os organizadores da festa assumiram os riscos ao realizá-la sem alvarás para comercializar bebidas alcoólicas e não disponibilizar estrutura adequada de socorro aos frequentadores.
Segundo Granja, por enquanto apenas os estudantes Luís Henrique Menegatti, de 22, e Gabriel Juncal Pereira, de 25, também da Unesp, são apontados como organizadores da festa e poderão responder, ao final do inquérito, por crimes de homicídio com dolo eventual (quando não tem intenção, mas se assume o risco) e três lesões corporais, também com dolo eventual. O delegado se recusou a passar detalhes da investigação em função do segredo de justiça. Granja disse que decidiu decretá-lo "para garantir o bom andamento do inquérito".
Abertura de sindicância
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) vai abrir sindicância para apurar as responsabilidades pela festa. A medida foi determinada pela Assessoria Jurídica da Unesp, que não informou a data de início nem o prazo para conclusão dos trabalhos.
A iniciativa, de acordo com a Unesp, tem o objetivo de investigar as irregularidades, apontar quais estudantes da instituição participaram da organização da festa e das competições com bebidas alcoólicas e punir os responsáveis. Os outros estudantes internados em coma alcoólico também teriam participado da competição.
O Ministério Público (MP) também abriu inquérito.
O inquérito foi aberto pelas Promotorias dos Direitos do Consumidor, da Arquitetura e Patrimônio e da Criança e do Adolescente. Esse, porém, não é o primeiro inquérito sobre festas universitárias. Desde novembro de 2014, o MPE de Bauru apura, em outro inquérito, a realização de festas clandestinas na cidade. Duas delas chegaram a ser canceladas por liminares obtidas na Justiça. .