Jornal Estado de Minas

Belo Horizonte traça estratégias para combater tuberculose em moradores de rua

A intenção é convencer os doentes nesta situação a procurar atendimento e, também, seguir o tratamento, que geralmente dura seis meses

João Henrique do Vale Landercy Hemerson
Agentes da saúde e assistentes sociais serão mobilizados para combater a tuberculose em Belo Horizonte.
A preocupação das autoridades é com os moradores de rua. A intenção é convencer os doentes nesta situação a procurar atendimento e, também, seguir o tratamento, que geralmente dura seis meses. Na capital mineira o índice de doentes desistentes é de 15,2%, três vezes a mais do que preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). As ações foram discutidas nesta quinta-feira no lançamento da Campanha Nacional contra a Tuberculose, na Prefeitura de BH.

Dados da OMS endossam a preocupação com a doença. De acordo com o órgão, desde 2010, 4,6 mil mortes de pacientes com tuberculose no Brasil foram registrados. “No mundo, a cada 25 segundos, uma pessoa morre com a doença”, afirma Soraya Romina, coordenadora do Comitê de Políticas para População de Rua.

Outra situação preocupante é sobre a desistência do tratamento da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, nove em cada 100 pacientes abandonam os cuidados antes do período remendado. Em Belo Horizonte a situação é ainda mais preocupante,15,2% dos pacientes são desistentes, sendo que o preconizado pela a OMS é 5%. “Mesmo o governo disponibilizando gratuitamente o tratamento, ele é longo. Normalmente seis meses. Os pacientes enfrentam algumas dificuldades, como tomar o remédio que é do tamanho de um clipes, a mudança na alimentação, além da rotina de tomar o medicamento. O tratamento é dificultador”, conta Soraya.

A maioria dos pacientes que largam o tratamento antes do tempo é morador de rua. “A situação que é grave na população de um forma geral, se torna muito mais grave com a população de rua. Eles estão vulneráveis e expostos ao tempo, além do acesso a eles que fica prejudicado. Também tem o preconceito que podem sofrer ao chegar nas unidades de saúde. Por isso, não procuram ajuda”, comenta a coordenadora.

Para chegar até ao público-alvo, ações serão feitas ao longo do ano. Na primeira etapa, que acontece nestes primeiros seis meses, agentes de saúde e assistentes sociais serão treinados para atender os moradores de rua.
“Estamos buscando sensibilizar todos agentes da administração municipal envolvidos, da área de assistência social e saúde, para atender esse público, que é extremamente vulnerável à doença. Com isso, os 147 centros de saúde de BH estarão prontos para receber aqueles moradores de rua que contraíram tuberculose e para tratar, pois é uma doença que mata”, explicou Soraya Rommina. Ela destaca ainda que vão participar dos esforços ex-moradores e integrantes de trabalhos voluntários com a população de rua.

Os sintomas da tuberculose é a tosse contínua e secreção com sangue. As pessoas que se depararem com moradores de rua em situação semelhante, pode ligar para o telefone 156 da PBH e acionar o comitê, que vai ao morador convencê-lo a se tratar. José Carlos Barbosa, analista técnico de Políticas Sociais do Ministério da Saúde, participou do encontro e aprovou a iniciativa. “Tuberculose é de fato uma grande preocupação entre a população de rua. É preciso capacitar os órgão públicos e iniciativa como essa é válida. No segundo semestre, o MS vai realizar uma campanha específica de combate à tuberculose entre a população de rua..