“Por mim, não voltaria à escola. Falei para o meu marido que quero voltar para o interior, mas tenho duas crianças para cuidar.” Essas são as lamentações da professora de matemática atingida por um tiro dentro da Escola Estadual Senador Teotônio Vilela, no Bairro Teresópolis, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, na quinta-feira. Ela acredita que livros e provas que carregava nos braços podem ter salvo sua vida.
Além dela, outras quatro pessoas foram baleadas, uma das vítimas morreu. Há 17 anos lecionando na instituição, a educadora, de 42 anos, revive o drama causado pela violência. Em 2011, um colega de profissão e amigo foi morto dentro da sala de professores por dois jovens que invadiram o local.
Depois de cinco anos, o sentimento de revolta, medo e insegurança, volta a tomar a vida da professora. A aula do turno da manhã já tinha terminado na quinta-feira. Ela descia as escadas, como faz todos os dias, e seguia em direção ao carro, que estava estacionado dentro da escola. No meio do trajeto, porém, foi interrompida por uma correria. “Quando desci, o diretor estava fechando o portão quando eles entraram correndo. Ouvi vários tiros. Não tive ação nenhuma, pois trabalho com alunos o tempo inteiro, confiamos e acreditamos que nada vai acontecer”, comentou.
A invasão aconteceu por volta de 11h30. Um jovem foi seguido por criminosos armados e fugiu para dentro da escola. Bruno Alves de Souza, de 20, acabou atingido pelos tiros e morreu na hora.