A naturalidade do selinho entre Estela, personagem de Nathalia Timberg, e Teresa, de Fernanda Montenegro, trocado entre atrizes respeitadas e já na terceira idade, repercutiu bem na internet e também entre representantes do movimento LGBT (lésbicas, gays, bis, travestis e transexuais) de Belo Horizonte. “A gente já se beija e constitui uma família há muito tempo. Não queremos a aclamação da sociedade. Só respeito”, diz a militante lésbica Soraya Menezes. Casada há 18 anos com a psicóloga Suely Servilha, com quem tem uma filha de 7 anos, ela defende que o movimento deve parar de cobrar novos ‘beijos gays’ na dramaturgia brasileira e passar a exigir mais qualidade nessas demonstrações públicas de afeto.
“Não foi um beijo gay, mas sim um gesto de carinho entre duas pessoas que se amam e dão suporte afetivo, emocional e moral uma a outra. Já está passando da hora de deixar de adjetivar beijo”, defende Roberto Chateaubriand, gerente do Centro de Referência Municipal de Direitos Humanos e Cidadania LGBT de Belo Horizonte. Em relação à cena, exibida na segunda-feira, na estreia da novela Babilônia, da Rede Globo, Chateaubriand aproveita para elogiar a delicadeza do gesto. “O que chamou a atenção foi a naturalidade da cena, o modo como o assunto foi tratado dentro do contexto. Trata-se de uma mãe (Nathalia Timberg), que enxerga as fragilidades no caráter da filha e mesmo assim não a abandona. Fernanda (Montenegro), que é sua companheira há anos, está conversando sobre os problemas da enteada e lhe dá o apoio necessário, exatamente como um homem faria com sua mulher”, compara.
Na visão de Carlos Magno, presidente da Associação Brasileira LGBT, o beijo de Estela e Teresa foi mais natural do que o primeiro entre homossexuais exibido na novela anterior, que mostrava o relacionamento entre o vilão Félix (Mateus Solano) e o seu Carneirinho, vivido pelo ator Thiago Fragoso. “Sem dúvida, o fato de ter sido apresentado por dois mitos sagrados como Nathalia e Fernanda provocou uma certa blindagem à cena. Soou tão natural, que desconcertou o público. Será que agora vão brigar contra o afeto entre duas pessoas?”, completa Chateaubriand. Segundo ele, os olhares moralistas de plantão incomodam-se menos com closes de uma mulher flagrada na cama com três homens ou com a história de um pai morto pelo próprio filho.
DOGMAS Ao mostrar um beijo entre duas senhoras lésbicas, a novela desconstrói dogmas, segundo a professora de comunicação social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Joana Ziller, pesquisadora do Núcleo de Cidadania e Direitos LGBT. “A cena separa a questão do fetiche provocado pelas relações entre duas mulheres, ao trazer atrizes que já não estão dentro do padrão idealizado de idade e de beleza. Essas mulheres demonstraram que ainda sentem o desejo”, afirma ela, casada há 13 anos com uma designer de joias de BH. A professora lembra ainda que em seriados europeus e americanos o beijo já aparece incorporado ao cotidiano das famílias homoafetivas. Um exemplo é o Friends, que há mais de 20 anos mostrou ao mundo um casal de lésbicas que criam juntas o filho de uma delas com Ross, um dos protagonistas do seriado.
“Não foi um beijo gay, mas sim um gesto de carinho entre duas pessoas que se amam e dão suporte afetivo, emocional e moral uma a outra. Já está passando da hora de deixar de adjetivar beijo”, defende Roberto Chateaubriand, gerente do Centro de Referência Municipal de Direitos Humanos e Cidadania LGBT de Belo Horizonte. Em relação à cena, exibida na segunda-feira, na estreia da novela Babilônia, da Rede Globo, Chateaubriand aproveita para elogiar a delicadeza do gesto. “O que chamou a atenção foi a naturalidade da cena, o modo como o assunto foi tratado dentro do contexto. Trata-se de uma mãe (Nathalia Timberg), que enxerga as fragilidades no caráter da filha e mesmo assim não a abandona. Fernanda (Montenegro), que é sua companheira há anos, está conversando sobre os problemas da enteada e lhe dá o apoio necessário, exatamente como um homem faria com sua mulher”, compara.
Na visão de Carlos Magno, presidente da Associação Brasileira LGBT, o beijo de Estela e Teresa foi mais natural do que o primeiro entre homossexuais exibido na novela anterior, que mostrava o relacionamento entre o vilão Félix (Mateus Solano) e o seu Carneirinho, vivido pelo ator Thiago Fragoso. “Sem dúvida, o fato de ter sido apresentado por dois mitos sagrados como Nathalia e Fernanda provocou uma certa blindagem à cena. Soou tão natural, que desconcertou o público. Será que agora vão brigar contra o afeto entre duas pessoas?”, completa Chateaubriand. Segundo ele, os olhares moralistas de plantão incomodam-se menos com closes de uma mulher flagrada na cama com três homens ou com a história de um pai morto pelo próprio filho.
DOGMAS Ao mostrar um beijo entre duas senhoras lésbicas, a novela desconstrói dogmas, segundo a professora de comunicação social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Joana Ziller, pesquisadora do Núcleo de Cidadania e Direitos LGBT. “A cena separa a questão do fetiche provocado pelas relações entre duas mulheres, ao trazer atrizes que já não estão dentro do padrão idealizado de idade e de beleza. Essas mulheres demonstraram que ainda sentem o desejo”, afirma ela, casada há 13 anos com uma designer de joias de BH. A professora lembra ainda que em seriados europeus e americanos o beijo já aparece incorporado ao cotidiano das famílias homoafetivas. Um exemplo é o Friends, que há mais de 20 anos mostrou ao mundo um casal de lésbicas que criam juntas o filho de uma delas com Ross, um dos protagonistas do seriado.