Uma careta inusitada e um post desabafo na internet mudaram a rotina da mineira Débora Adorno, de 22 anos. Na última sexta-feira, na rua Oiapoque, nas imediações dos shoppings populares do Centro de Belo Horizonte, a jovem foi vítima de assédio verbal por ambulantes e homens que passavam pela região. Indignada com a impertinência, ela criou uma forma divertida de desviar os olhares masculinos. Mostrou os dentes, comprimindo o lábio sobre a gengiva. A careta foi a arma que ela encontrou para afastar os olhares e palavras invasivas. Tudo isso foi relatado em seu perfil nas mídias sociais.
A recorrência do assédio é um dos motivos que fez com que os escritos da jovem se tornassem um verdadeiro fenômeno. Em cinco dias, o post foi curtido por 23,4 mil pessoas e compartilhado por 3, 3 mil. O constrangimento de ser assediada na rua, como ocorreu com Débora, é comum entre as mulheres. Olhadas, cantadas e buzinas de carro são formas corriqueiras de assédio em qualquer cidade brasileira.
No desabafo que publicou, a jovem contou que, ao sair da faculdade, foi até o Centro resolver alguns problemas. Antevendo que poderia passar mais uma vez por esse tipo de situação constrangedora, pensou em desviar o caminho, mas não teve como. Ela conta que, tensa com a situação, costumava fechar a cara, olhar fixamente para ponto no horizonte e tentar andar o mais rápido possível.
Cansada disso, quase que instintivamente, descobriu que a careta é eficaz para lidar com a situação. Os dentinhos deram resultado. Ela garante que os assédio cessou e que não voltarão a acontecer. Débora afirma que, apesar da forma descontraída do texto, o machismo é um assunto sério que deve ser discutido. “E para os homens, eu já cansei de falar sobre isso, apenas parem. Não é um elogio é uma agressão.”