Colocar carros e bicicletas transitando em pistas compartilhadas, em ruas de bairro e em velocidade reduzida, é uma das apostas da BHTrans para ampliar a malha cicloviária de Belo Horizonte, hoje com 80 quilômetros. Para isso, a empresa que gerencia o transporte e trânsito estuda importar um modelo alemão, da cidade de Bremen, onde 25% da população anda de bicicleta e divide espaço com automóveis, sem faixas demarcadas para ciclistas que, ainda assim, têm preferência no trânsito. Uma equipe de técnicos da empresa belo-horizontina viaja para a cidade europeia no mês que vem, para conhecer o projeto. Para ser possível executá-lo, será preciso reduzir a velocidade nas vias escolhidas, para até 30 quilômetros por hora. “Vamos identificar áreas que permitam essa convivência harmoniosa entre veículos e bikes”, disse a coordenadora do Programa Pedala BH, Eveline Trevisan, que citou como exemplo as ruas Gonçalves Dias, no Bairro Funcionários, e Rio de Janeiro, em Lourdes, ambas na Zona Sul.
O anúncio do futuro projeto foi feito durante o Workshop Internacional de Mobilidade Urbana do Projeto Solutions, que incentiva a troca de experiências em mobilidade urbana sustentável entre cidades da Europa, América Latina e Ásia. O evento foi realizado ontem pela BHTrans e pelo programa Embarq, de transporte sustentável e desenvolvimento urbano, e reuniu especialistas da Europa e de estados brasileiros. O modelo de Curitiba, batizado de Via Calma, também foi apresentado no seminário.
Mas, para avançar no transporte cicloviário, a Prefeitura de Belo Horizonte ainda tem um longo caminho. A meta da administração municipal é implantar mais 150 quilômetros de pistas para bikes até o fim de 2016, além de concluir cerca de 10 quilômetros já em execução, para chegar a 240 quilômetros de ciclovias.
Anteontem, um dia antes do evento, parte da rede cicloviária de BH foi visitada por uma comitiva de técnicos da BHTrans e pelos palestrantes e especialistas internacionais. Gerente sênior de projetos em mobilidade urbana de Bremen, Michael Glotz-Richter elogiou as conquistas na implantação do sistema, que decolou em BH somente a partir de 2011. “Estou impressionado com o que foi alcançado em pouco tempo. Iniciar um projeto é difícil, mas combinar diversos modais é sempre o ideal”, afirmou ontem, durante sua palestra sobre as melhores práticas de mobilidade urbana sustentável em sua cidade. Ele, no entanto, destacou um obstáculo ainda a ser vencido pela capital mineira. “BH precisa avançar no sentido de mudar a cultura e melhorar a convivência com a bicicleta”, disse.
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