Jornal Estado de Minas

Em BH, católicos lotam igreja para louvar São José

Cerca de 70 mil pessoas passam pela igreja no Centro da capital para homenagear santo protetor das famílias e dos trabalhadores. Restauração do templo já está em nova fase

Gustavo Werneck
Devotos fizeram fila na Igreja de São José para beijar e escrever pedidos nas fitas que ornamentam o santo - Foto: Euler Junior/EM/D.A Press
Dia de homenagear São José, agradecer pelas bênçãos alcançadas e unir pais e filhos em orações. Cerca de 70 mil católicos de Belo Horizonte e municípios vizinhos estiveram ontem na igreja dedicada ao protetor das famílias e dos trabalhadores, no Centro da capital, que teve missa desde as 6h da manhã e a última, às 20h, celebrada pelo arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo. A festa religiosa foi também ótima oportunidade para que os fiéis vissem a nova fase de restauração do templo, contemplando agora as torres laterais.

Segundo o titular da paróquia, padre Nélson Linhares, o serviço estará pronto antes de dezembro. “Esta igreja é um tesouro da cidade e devemos preservá-la a todo custo. A comunidade colabora muito e continuamos a campanha para obter os recursos”, afirmou. Quem passa na Avenida Afonso Pena vê a torre central concluída e com as cores originais do início do século 20, ao lado do andaime montado para começar o serviço no lado esquerdo.

A celebração do meio-dia reuniu cerca de 2 mil pessoas – tinha gente nas escadas, de pé, nas laterais e no jardim externo, procurando uma sombra para fugir do sol escaldante. Muitos deles aproveitaram a hora do almoço para rezar. Padre Nélson, o celebrante, ficou feliz ao ver o templo lotado, pediu aplausos para o padroeiro e ressaltou que “o esposo de Nossa Senhora e pai adotivo de Jesus” é símbolo também de humildade e honestidade.

O pároco ressaltou que “o mundo atual está cheio de ganância e ambição, além de ter muita desagregação entre pais e filhos.
Rezar pedindo a proteção de São José é fundamental, pois ele representa o trabalho honesto e o amor à família”. Eram 13h45, quando a missa terminou e a dona de casa Célia Aparecida de Oliveira Maia, moradora de Contagem, na Grande BH, se aproximou do altar de São José, onde fica a centenária imagem holandesa do santo.

“Venho sempre pedir graças e agradecer tantas outras”, disse Célia Aparecida, ao lado do filho Welbert Luiz, de 4 anos, e da irmã, Maria Isabel Oliveira Pinto. De imediato, a dona de casa pegou a ponta de uma das fitas amarelas, que pedem do altar, e, seguindo a tradição, escreveu um pedido. “Devo a saúde do meu filho a Deus e a São José. Ele nasceu de cinco meses, com 500 gramas, e foi desenganado pelos médicos. Tivemos até que batizá-lo com urgência, mas rezei e deu tudo certo”, disse a mãe satisfeita com a saúde e revelando que o garoto pede para ir à igreja todos os anos.

SIMPATIA Também perto da imagem do padroeiro, a publicitária Lílian Rodrigues Couto, de 29, moradora de Nova Lima, também na Grande BH, fez os seus pedidos para a família e para São José abençoar o seu trabalho. Na opinião da jovem, “a fé gera equilíbrio”.
Na entrada principal da matriz, homens e mulheres cumpriam um velho ritual, para muitos, uma simpatia que dá certo. É que no Dia de São José, as pessoas pegam um saquinho de pano com uma moedinha e uma oração para guardar na carteira durante um ano. Na festa seguinte, em retribuição, levam mais 19 (o número corresponde à data comemorativa do santo). A técnica de enfermagem Ana Maria Auxiliadora Teles, moradora do Bairro Sagrada Família, na Região Leste de BH, guardou o seu com cuidado e se diz devota. “Faço novena, promessa, rezo e ainda moro num bairro com esse nome”, contou com um sorriso

OBRAS
A Igreja São José teve seu interior restaurado de 2010 a 2013, com destaque para os elementos que recuperaram a luminosidade. As pinturas parietais – feitas diretamente nas paredes e teto, sobre o reboco, moda em BH no início do século 20 – consumiram dois anos, entre 1911 e 1912. A torre central trouxe de volta o desenho e tons originais (vermelho, laranja e cinza), seguindo à risca o projeto feito por Edgard Nascentes Coelho, em maio de 1901, quando a capital ainda se chamava Cidade de Minas.
Os serviços estão a cargo do Grupo Oficina de Restauro. “A Igreja São José é um recanto de paz e um local muito acolhedor no Centro de Belo Horizonte”, diz o pároco Nélson Linhares, destacando a beleza do interior do templo, com pinturas parietais..