A estiagem do último ano, sozinha, foi responsável por reduzir o nível dos reservatórios do Sistema Paraopeba, que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 22,6 pontos percentuais, baixando o volume de água de 68,7% para 46,1% da capacidade total. A trajetória de queda se manteve durante todo o ano, até a Copasa e o governo de Minas Gerais admitirem, em janeiro último, que seria preciso economizar 30% de toda a água consumida na Grande BH para evitar o colapso do abastecimento. Na segunda-feira, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) aprovou a minuta que estabeleceu os critérios gerais para a definição do nível crítico dos reservatórios e pré-requisitos para restrição de uso da água. Pelo documento, sempre que os reservatórios de abastecimento público chegarem a 30% do volume útil fica configurada situação crítica de escassez hídrica. Diante desse quadro, podem ser iniciadas medidas de limitação de consumo previstas pela minuta e que são automáticas caso alguma represa chegue a 10% ou menos de seu volume. Entre elas estão a redução de 20% das outorgas para abastecimento humano e de gado, 30% da distribuição para indústrias e 25% da captação para irrigação.
Seguindo a tendência de esvaziamento dos reservatórios durante a estiagem nos últimos dois anos, a decretação automática de restrição de consumo se daria em maio no Sistema Serra Azul, responsável por 8% do abastecimento da Grande BH e que chegaria a 6,7% de seu volume útil no quinto mês do ano. A possibilidade de esgotamento da barragem chegou a ser admitida pelo secretário de estado de Planejamento, Helvécio Magalhães. Em fevereiro ele afirmou que, se não houvesse chuvas, contenção de vazamentos e economia de consumo, o reservatório iria secar.
Pelas últimas contas, Serra Azul ganhou dois meses de fôlego, mas a crise não foi solucionada, apenas retardada.
De acordo com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), planos de captação de água diretamente do Rio Paraopeba para os sistemas Rio Manso e Serra Azul já foram entregues à Copasa e a empresa os analisa. A companhia estadual ainda não terminou o estudo de medidas de contenção de consumo que será submetido à Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG).
Por enquanto, a Copasa tem adotado medidas como o combate ao desperdício que ocorre com vazamentos na rede distribuidora, além de reduzir a pressão de fornecimento de água durante o período noturno. Essa medida, porém, acaba por prejudicar o abastecimento de bairros mais altos e distantes..