São tempos difíceis e de resistência para os mais de 50 mil cidadãos que frequentam diariamente os quase 30 prédios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O clima é de tensão e de pouca esperança, com serviços essenciais reduzidos – limpeza e vigilância –, pagamentos suspensos e produção de conteúdo comprometida com falta de materiais e ajuda de custo reduzida. Dispostos à luta por dias melhores, a comunidade acadêmica está mobilizada contra o corte drástico no orçamento da instituição feito pelo governo federal há cerca de três meses. Há pouco mais de um ano, reportagem do Estado de Minas passou um dia e uma noite no câmpus Pampulha. Agora, o fator de preocupação está ainda mais delicado: segurança. Com os cortes das últimas semanas, a vigilância caiu pela metade.
A reportagem voltou à cidade do conhecimento para dois dias de imersão entre alunos, professores e servidores. A situação geral observada é ainda mais precária. Desta vez, para muitos dos entrevistados, a reclamação se repete, e com um agravante: o que já era ruim está ainda pior. Em pelo menos três reuniões abertas, em dias seguidos, estudantes de diversos departamentos falaram em defesa da manutenção dos serviços de segurança e limpeza – duramente cortados pela administração. Banheiros sujos e carros arrombados foram comentados até por vigilantes de plantão.
Em meio ao nevoeiro de constrangimentos, está uma pró-reitoria ativa, otimista e aparentemente próxima do movimento estudantil. Em dias seguidos de espaço aberto para críticas e sugestões, professor Tarcísio Mauro Vago, da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), não se esquivou do diálogo com os manifestantes mais inflamados e criticou a falta de ação do sindicato dos professores. Entretanto, o “Tatá” – como é chamado por alguns – é apenas boa vontade e empenho. Não é o homem da caneta. “Esperamos trazer soluções o mais rápido possível. Estamos empenhadíssimos nisso”, garante. Enquanto isso, lideranças dizem não confiar no discurso da reitoria e preparam novo ato de protesto na próxima quinta-feira.