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Estado de Minas

Remanejamento de seguranças para prédio da Fafich pode desguarnecer outros pontos da UFMG

Avaliação é do diretor da faculdade. Clima de medo e apreensão continua no câmpus


postado em 29/03/2015 06:00 / atualizado em 29/03/2015 07:30

Pacientes da odontologia, Conceição e Nanci ficam inseguras à espera do ônibus: 'Fomos alertadas por funcionários para ter cuidado', diz Conceição(foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
Pacientes da odontologia, Conceição e Nanci ficam inseguras à espera do ônibus: 'Fomos alertadas por funcionários para ter cuidado', diz Conceição (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)

O diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernando Filgueiras, avaliou ontem que o reforço de segurança com o remanejamento de vigilantes para o interior das instalações da Fafich pode até desguarnecer outros pontos do câmpus, mas é de necessidade imediata. “O corte orçamentário trouxe uma redução de seguranças, que foi perceptível. É uma coisa prática. Antes, você via os seguranças no seu trajeto e o fazia com tranquilidade. Agora, sem esses funcionários, a sensação é de insegurança, de que se está mais exposto”, afirma. A reportagem apurou que cerca de 80 vigilantes foram demitidos depois da redução de repasses do governo federal para a UFMG, mas a universidade não confirma e se recusa a informar quantos seguranças trabalham no local.

Na sexta-feira, a reportagem do Estado de Minas mostrou como traficantes de entorpecentes dominaram o diretório acadêmico da faculdade, transformando e espaço numa boca de fumo que abastece de drogas estudantes e gente de fora da instituição. Nos corredores, os grupos consomem e negociam tóxicos livremente, intimidando estudantes. De acordo com Filgueiras, o remanejamento emergencial de seguranças de outros prédios para a Fafich, anunciado após a reportagem, visa sobretudo ampliar a presença dos vigilantes no ambiente interno e possibilitar que alunos e professores possam voltar a circular sem medo pelos corredores. “Esse reforço visa prioritariamente melhorar a segurança interna na faculdade. Na segunda-feira (amanhã) de manhã, vamos ter uma reunião para expor a situação e decidir o que poderá ser feito”, afirma o diretor.

Contudo, o reforço na Fafich pode agravar ainda mais outros pontos onde alunos preferem evitar circular sozinhos. A auxiliar administrativa Juliana Costa, de 47 anos, foi buscar seu filho na Faculdade de Educação Física e procurou parar seu carro em um local mais iluminado. “Não há nenhum funcionário nas duas cabines do estacionamento, que é pouco iluminado. Desci rápido e evitei ficar dentro do carro, pois dá medo. No ano passado, quando estive aqui a primeira vez, tinha uma vigilância eficiente, que parava os carros nas entradas principais e identificava os motoristas. Hoje, achei tudo meio largado”, criticou.

Nas portarias das unidades de ensino do câmpus, a informação é sempre a mesma, de que as equipes de segurança tiveram redução de pessoal. Onde ficavam dois porteiros e um vigilante, com os cortes, agora há somente um funcionário depois das 22h, como no prédio da odontologia.

E até quem não é da comunidade universitária vive o clima de insegurança, como a aposentada Conceição Costa, de 65, que acompanha a amiga Nancy Peixoto, de 74, na clínica odontológica. “Minha amiga está fazendo um implante dentário e eu a acompanho. Já fomos alertadas por funcionários para ter cuidado na hora de ir embora. Fico um pouco mais tranquila, porque o ponto do ônibus é em frente à portaria da faculdade. Mas estou bem mais atenta e fico temerosa quando vejo alguém caminhando na nossa direção”, disse Conceição, que considerou absurda a redução de pessoal. “Tinham é que investir, pois as pessoas precisam desse serviço.”

Tráfico e insegurança na Fafich

A denúncia

 A instalação de traficantes nas dependências da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG foi denunciada pelo Estado de Minas na sexta-feita. A reportagem mostrou que corredores e o Diretório Acadêmico (DA) da unidade foram tomados pelo comércio e consumo de tóxicos. Paredes pichadas e o trânsito de traficantes fizeram do DA um ambiente semelhante a uma boca de fumo de áreas dominadas pelo crime organizado. Lá, um pino de cocaína custa R$ 30, um ponto de LSD sai por R$ 25 e uma porção de maconha, por R$ 20. Até menores participam do esquema, em um ambiente de consumo livre bem ao lado das salas de aula.


As reações


  Na edição de ontem, o EM mostrou que, depois da primeira reportagem, o curso de história suspendeu as aulas e só as retomará depois de entendimentos na reunião da congregação que ocorrerá amanhã. De forma emergencial, seguranças de outras áreas foram remanejados para assegurar o trânsito de alunos nos corredores da Fafich durante a noite. O DA informou que o tráfico é uma realidade social e que não se restringe à universidade, considerando que só a segurança não resolveria, mas medidas de ocupação dos espaços e conscientização.


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