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Estado de Minas

"Piquenique do Amor" reúne cerca de mil pessoas no Parque das Mangabeiras


29/03/2015 06:00 - atualizado 29/03/2015 08:01

Famílias curtiram Piquenique do Amor no Parque das Mangabeiras, com direito a encenação nas árvores
Famílias curtiram Piquenique do Amor no Parque das Mangabeiras, com direito a encenação nas árvores (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)

Falta amor no mundo. Foi essa conclusão que levou o publicitário Arthur Sant’Ana a pensar em estratégias que amolecessem o coração das pessoas. Disposto a distribuir gentilezas pela cidade, ele criou, com uma amiga, o projeto Desestressa BH. Uma das ações promovidas pelo menos duas vezes por ano é o “Piquenique do Amor”, que, em sua sexta edição, promoveu ontem o encontro de mais de 1 mil pessoas no Parque das Mangabeiras. “Isso traz um vislumbre de como gostaria que o mundo fosse. Queria que as pessoas se amassem mais porque quem ama perdoa, tolera, passa a vez”, justifica. Os participantes são convidados a levar suas toalhas, sentar na grama e compartilhar os lanches.

A secretária-executiva Luciana Rocha, de 36 anos, não perde nem um piquenique. E faz questão de levar o filho, para ensiná-lo a dar valor às coisas simples da vida. Luciana até comemorou o aniversário de Davi, de 3, em uma das edições do ano passado e chamou todos os convidados para cantar parabéns e comer um pedaço de bolo no gramado do parque. “As pessoas estão muito individualistas. Trabalham demais e não param para dedicar um tempo à família e aos amigos”, observa a secretária, que não deixa de fazer a sua parte. No trabalho, por exemplo, ela sempre dá bom-dia para todos que encontra.

O marido dela, Charles Rocha, de 43, destaca que a falta de gentileza impera dentro dos ônibus. “A começar pelo motorista e cobrador, que, às vezes, nem respondem a um bom-dia. Ainda por cima, você se senta ao lado de uma pessoa que está com fone de ouvido e não quer conversa”, diz o psicólogo e músico.

RELAXAR Passar a maior parte do dia trancada dentro de um escritório é motivo suficiente para aumentar os estresse, na opinião da coordenadora-financeira Sandra Heloísa, de 35. Por isso, ela gostou do convite para participar do piquenique, até porque considera que o fim de semana é o momento para relaxar com a família. Sandra só acha incrível imaginar que os cidadãos precisam de ser lembrados das boas ações. “Ainda é importante ter esse tipo de iniciativa para que as pessoas tenham amor e gentileza, que se perderam no dia a dia”, avalia. Ela lembra que uma vez, teve que enfrentar a fila preferencial do supermercado, cheia de clientes que não eram prioridade, pois ninguém ligou de vê-la com o filho pequeno no colo.

O Desestressa BH surgiu há quatro anos, a partir da constatação de que o mau humor dominava motoristas, cobradores e passageiros de ônibus. Arthur e uma amiga, que iam todos os dias para a faculdade em transporte coletivo, resolveram então cantar. No início, as pessoas desconfiavam que a dupla pediria dinheiro, mas, quando entendiam a proposta, demonstravam apoio com sorrisos, aplausos ou até a voz para acompanhar a música. O ônibus ficou pequeno, por isso veio a ideia de organizar um piquenique para reunir quem se interessava em distribuir amor. O projeto realiza outras ações, como a “Presenteie um desconhecido”, no Natal, para incentivar a entrega de presentes na Praça Sete.

   À FLOR DA PELE

Casos de motoristas de ônibus que abandonaram o veículo são exemplos do estresse na capital mineira. Cobranças da empresa e reclamações de passageiros são motivos para tirar motoristas do sério. Os três últimos episódios registrados em BH envolveram condutores da linha 9250 (Nova Cintra-Caetano Furquim), cujo percurso é considerado um dos mais longos e estressantes.

  21 de agosto de 2012

 Um motorista deixou o ônibus no meio da Avenida Getúlio Vargas depois de ser xingado no trânsito. Ele desligou o motor, deixou as chaves no capô e saiu andando até chegar em um hospital, já no Bairro Santa Efigênia. Disse que surtou e não tinha condições emocionais de continuar a conduzir o veículo. “A gente já sai tenso da garagem. Temos que nos preocupar com o trânsito, com quem dá sinal de parada, quem sobe ou desce do coletivo, quem quer informação, além da responsabilidade pela vida de todas aquelas pessoas. E a maioria dos passageiros nem nos cumprimenta.” O motorista passou por tratamento psicológico, mas logo mudou de emprego. Quis trabalhar em uma empresa de turismo.

   27 de março de 2013

 Sete meses depois, outro motorista que percorria o mesmo trajeto abandonou o ônibus lotado na Avenida Professor Mário Werneck. Ele se desentendeu com uma usuária, que reclamou de superlotação, e, em um momento de ira, recolheu seus objetos pessoais, largou o volante e saiu a pé. “Ele desceu reclamando que não era possível trabalhar naquelas condições, tendo de aguentar passageiros tirando onda com a cara dele. Depois, disse que só voltaria para o ônibus se a mulher descesse”, relatou uma testemunha. A PM registrou boletim de ocorrência, mas não localizou o condutor do coletivo. Ele avisou à empresa que procuraria atendimento médico particular.

   6 de dezembro de 2013

 Na última viagem do dia, o motorista decidiu parar o veículo na Praça da Savassi depois de discutir com os usuários. Antes, o condutor havia chamado a atenção de um passageiro, que embarcou pela porta de trás, e disse que só arrancaria quando ele passasse pela roleta. Os outros usuários começaram a gritar, exigindo que o motorista prosseguisse a viagem, porque estavam atrasados, mas ele preferiu ir embora a pé. “Ele estava ofegante, parou ao meu lado e ficou encostado numa banca de jornal. Eu perguntei o que havia ocorrido e ele me disse: ‘Ah, estressei’”. O condutor saiu correndo em direção à Avenida do Contorno, com medo de apanhar dos passageiros.


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