A forte chuva que assustou os belo-horizontinos ontem deverá continuar até amanhã, de acordo com o Tempo Clima PUC Minas. Cerca de 40 minutos de pancada, com rajadas de vento, raios e granizo foi o suficiente para deixar vários pontos da capital alagados e complicar o trânsito em BH. Pelo menos 22 árvores caíram e obstruíram o trânsito em vias importantes, como as avenidas Afonso Pena e Álvares Cabral, ambas na Regional Centro-sul. Na Praça da Liberdade, uma árvore de grande porte caiu no meio da alameda central. Os alagamentos também trouxeram transtorno aos motoristas. A boa notícia é que, nos últimos dois meses, choveu acima da média em Belo Horizonte, o que fez aumentar os níveis dos reservatórios da região metropolitana. Entretanto, eles seguem em situação crítica (leia mais abaixo).
A chuva foi mais intensa em algumas regiões da cidade, como Venda Nova, com precipitação de 40 milímetros. Na Leste, choveu 31 milímetros, e no Barreiro, 24 milímetros. Nas demais áreas o volume ficou entre 10 a 20 milímetros.
A instabilidade começou a se formar por volta das 11h50 em Contagem e Betim, na Grande BH, mas a tempestade atingiu a capital por volta das 12h30. “Foi um temporal”, afirmou o meteorologista do Tempo Clima PUC Minas, Heriberto dos Anjos. Mesmo após a tempestade, a Defesa Civil manteve o alerta já que as chuvas devem continuar até amanha. A precipitação foi causada por uma frente fria, que se deslocou do litoral Sudeste, favorecendo a formação de nuvens. A chuva também atingiu o Triângulo Mineiro, Zona da Mata, Sul de Minas, Oeste, Campo das Vertentes e Vale do Rio Doce.
A previsão é que chova acima da média também em abril. “Teremos paradas de chuva atípicas de verão. A tendência é que a chuva fique acima da média”, pontuou Heriberto dos Anjos.
PISTAS INTERDITADAS Pelo menos 22 árvores caíram em diferentes partes da cidade. O tronco de uma dela não aguentou a força da tempestade e cedeu em frente à Escola de Música, na Avenida Afonso Pena. No Bairro Santa Lúcia, um galho caiu sobre o carro na Rua José Mota Magalhães. O mesmo ocorreu na Avenida Álvares Cabral, na Rua Médicos, no Bairro Alípio de Melo. No Elevado Castelo Branco, a árvore obstruiu a via, assim como na Avenida Antônio Carlos, impedindo a passagem do Move.
O Corpo de Bombeiros registrou interdição de parte das pistas em várias regiões de Belo Horizonte, como no Alípio de Melo; na Pampulha; no Centro; no Santa Lúcia, no Santa Amélia, no Santo Antônio e no Santo Agostinho.
Também foram registrados alagamentos em diversos pontos, como na Avenida Barbacena, esquina com a Amazonas e Rua Gonçalves Dias. Quem passou pela região da Pedro II e do viaduto que dá acesso à Avenida Cristiano Machado teve que desviar o caminho. Um alagamento também trouxe transtorno a motoristas que trafegava pela Avenida Otacílio Negrão de Lima.
Precipitação acima da média após 6 anos
Em fevereiro e março, choveu acima da média em Belo Horizonte, o que fez aumentar o níveis dos reservatórios da região metropolitana, que seguem em situações críticas. O acumulado de água que caiu na capital mineira neste período foi de 492 milímetros. O último registro com temporais acima da média neste período foi há seis anos. Somente ontem, foram 29 milímetros em apenas 40 minutos.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), BH teve 39.4% a mais de chuva em março. Até ontem, o acumulado de chuva este mês já estava em 228 milímetros, sendo que a média mensal é de 163,5 milímetros. Em fevereiro, choveu 40% acima da média histórica, que é de 188 milímetros. O volume acumulado foi o maior dos últimos 11 anos. Nos próximos dias, a previsão é de mais chuva. Uma frente fria que está atuando no litoral de São Paulo causa a instabilidade. “Essa frente jogou umidade para o continente e formou áreas de instabilidade, principalmente na Zona da Mata, Sul de Minas, e Central”, explica o meteorologista Luiz Ladeia.
A situação pode servir de ajuda para os reservatórios da Grande BH. O comparativo dos últimos dois meses mostra que os níveis dos mananciais tiveram aumento. O Sistema Paraopeba, responsável pelo abastecimento da região metropolitana, começou o ano em 33,3% de sua capacidade. Em fevereiro, caiu para 30,3% e, em março, deu um salto para 38,7%.
O sistema é composto por três reservatórios. O Rio Manso terminou fevereiro com 43% e hoje está com 52,7%. O Serra Azul foi o que mais aumentou de capacidade. Saiu de 9,1% no mês anterior para 14,8% em março. Já Vargem das Flores avançou de 29,9% para 39,1% até o último domingo, e teve leve queda ontem, de 0,1%, apesar da chuva.
Mesmo com o aumento dos níveis dos reservatórios, a situação ainda é crítica. Em abril, a Grande BH deve voltar a passar por um período de estiagem, o que poderá comprometer ainda mais os mananciais. (João Henrique do Vale)