Obras começaram a ser feitas nesta terça-feira para reparar os danos no viaduto - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
O Ministério Público de Minas Geras vai investigar o problema estrutural detectado no Viaduto Gil Nogueira, em Venda Nova, ao lado da estação de integração do Move Pampulha. O promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte, informou, nesta terça-feira, que enviará um pedido de informações à administração municipal sobre o desnível apresentado no elevado, além de solicitar a um perito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea) um posicionamento a respeito do caso. Depois de pronto, o material será juntado ao inquérito que apura irregularidades nas obras do BRT, já em andamento. Outro procedimento em curso no MP é a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, em 3 de julho do ano passado.

A divulgação dos problemas em mais um viaduto de Belo Horizonte pegou os moradores da região de Venda Nova de surpresa. A Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que técnicos da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) detectaram um desnível de 2,5 centímetros na estrutura. Por causa disso, o local terá que passar por ajustes, que começaram na manhã desta terça-feira.

O viaduto foi projetado pela Consol e consruído pela Cowan, as mesmas empresas que participaram da obra do Viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou em julho de 2014 matando duas pessoas e ferindo outras 23. As duas já foram responsabilizadas pelo MP causa da tragédia. Por isso, devem fazer uma nova construção para repor as perdas do elevado, ou devolver R$ 10 milhões referente aos valores gastos no projeto.

A Polícia Civil ainda investiga as duas empresas. O delegado responsável pelo caso, Hugo e Silva, deverá concluir o inquérito criminal até 5 de maio. Já é a segunda vez que o prazo é prorrogado. Segundo o órgão, já foram ouvidas 80 pessoas e o processo conta com 1,2 mil páginas.

O empresário Maurício Lana, dono da Consol Engenheiros, afirma que aconteceu falhas na execução do projeto. “Houve um erro de execução do projeto. Falta de zelo do executor na análise do projeto”, disse Lana. “Ocorreu que os aparelhos de apoio (estrutura de sustentação) foram colocados de forma inadequada. Deveriam ter sido colocados debaixo das vigas longitudinais principais. No entanto, foram colocadas um pouco para fora e, consequentemente, aumentou o esforço de flexão na viga transversal, causado assim as fissuras”, explicou. A Cowan ainda não se manifestou sobre o caso.

Vistoria

Militares do Corpo de Bombeiros vistoriaram o viaduto e descartaram o risco de queda. Operários da Cowan começaram a montar andaimes para as obras no elevado. Eles estão preparando o material para reforçar a estrutura. Técnicos afirmam que é preciso fazer a “colocação de aparelhos de apoio adicionais, de forma a garantir uma melhor distribuição dos esforços na estrutura”. Em nota, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) também reiterou a informação de que não há risco do viaduto cair.

As obras para reforço da estrutura serão realizadas no próximo final de semana, entre 0h de sexta-feira, dia 3 de abril, e meia-noite de domingo, dia 5. Ainda não foi divulgado um esquema para o trânsito na região durante a interdição.

Lacerda admite erro

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), admitiu na manhã desta terça-feira que houve erro na construção do viaduto Gil Nogueira. " A empresa que construiu disse que houve problema. A que executou (empresa) disse que houve problema de projeto. A perícia que será feita vai determinar isso", afirmou o prefeito.

- Foto: ARte / Soraia Piva.