Nove meses depois da queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, que matou duas pessoas e feriu 23, familiares das vítimas ainda esperam a responsabilização dos culpados . Nesta semana, a mãe de Hanna Cristina Santos, de 25 anos, que morreu na direção do ônibus cuja frente foi esmagada pelo concreto, a dona de casa Analina Soares Santos, de 52 anos, procurou a família de Charlys Frederico Moreira do Nascimento, que também perdeu a vida no desabamento. “A Cowan não se manifestou. Todo mês, eles pedem mais 30 dias para concluir o inquérito. Há nove meses minha filha foi embora”, lamenta Analina. As duas famílias cobram mais agilidade no processo sobre a tragédia, que aconteceu em 3 de julho do ano passado.
O inquérito criminal segue sem conclusão, o Ministério Público aguarda definição da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sobre a possível construção da trincheira que substituiria o viaduto e as empresas – Consol Engenheiros Consultores e Construtora Cowan – se veem às voltas com erros na execução do Viaduto Gil Nogueira, que apresenta desnível de 2,5 centímetros. A previsão é que o inquérito criminal, comandado pelo delegado Hugo e Silva, seja concluído em 4 de maio. Até o momento foram ouvidas 80 pessoas e a peça já conta com 1, 2 mil páginas.
Analina teme nova tragédia. “É possível que ocorra o mesmo problema do Viaduto Batalha dos Guararapes. São as mesmas empresas responsáveis pela obra do que caiu. Meu filho passa pelo viaduto todos os dias. O risco continua e a tragédia pode ser ainda maior”, teme Analina. A família recebeu um micro-ônibus para substituir o destruído. No entanto, Analina lembra que, para isso, foi necessária a ação de advogados. “Tenho uma dívida de mais de R$ 30 mil. Não há dinheiro neste mundo que pague esta tragédia. Mataram a minha filha e, pelo que parece, vai ficar por isso mesmo”, reclama.
TRANSTORNO
Os moradores vizinhos do Viaduto Batalha dos Guararapes que tiveram que sair de casa, por causa da implosão da alça norte do elevado ainda não tiveram a vida normalizada. Há problemas no muro do condomínio, na cerca elétrica e algumas janelas estão sem vidros. “As duas empresas deveriam estar queimadas no Brasil inteiro, mas continuam a fazer obras em Belo Horizonte”, protesta a advogada Ana Drumond, que também integra o Movimento de Associação de Moradores.
Os moradores são contrários à proposta de construção de uma trincheira. A sugestão é que o recurso do ressarcimento das empresas, devido ao desabamento, seja empregado na construção de um centro de saúde e parte seja investida para aquisição de terreno que abriga uma mata no Planalto.