Uma pane no metrô de Belo Horizonte fez um conjunto de quatro vagões bloquear os trilhos entre as estações Horto e Santa Inês, Leste da capital, durante mais de uma hora na manhã desta quarta-feira, obrigando passageiros a seguir para outro trem a pé, o que chama a atenção para uma situação preocupante no sistema metroviário da Grande BH. Apenas em 2015, o serviço já teve pelo menos três falhas importantes. Enquanto a expansão do transporte para outros pontos da cidade está estagnada – mesmo com a expectativa gerada pela eleição que proprocionou uma dobradinha do mesmo partido nos governos estadual e federal, como mostrou o Estado de Minas ontem –, a linha existente, entre Contagem, na região metropolitana, e Venda Nova, em BH, sofre com problemas constantes, segundo usuários. Passageiros ainda aguardam a entrada em funcionamento de 10 trens, totalizando 40 vagões com ar-condicionado, cujo início da operação estava previsto para janeiro. Eles ampliariam a capacidade do sistema em 50%.
Os problemas variam entre redução da velocidade, necessidade de troca de trens motivada por falhas e até mesmo caso como o de ontem, que obrigou os usuários a abandonar a composição pela saída de emergência, chegando a invadir os trilhos no sentido contrário. “De repente, ouvimos um barulho e o trem parou. A todo momento o maquinista dizia que rapidamente voltaria a circular, mas essa situação durou 40 minutos. Um passageiro decidiu não esperarar e abriu a saída de emergência. O problema é que ele e outras quatro pessoas saíram pelo lado mais perigoso, onde passam os trens no sentido contrário”, afirma o autônomo Dener Ferreira, de 28 anos. “Só depois chegaram agentes da polícia ferroviária, com escadas, e ajudaram as pessoas a descer pelo lado que estava parado”, explica.
A pane ocorreu por volta das 9h e só às 10h15 a composição estragada começou a se movimentar. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que houve um problema na peça que alimenta o trem com energia elétrica. A CBTU garante que os trilhos do sentido Eldorado operaram para os dois lados entre as estações Horto e Santa Inês.
Os investimentos na Linha 1, que tem 19 estações, 28 quilômetros e transporta cerca de 220 mil usuários/dia, se tornam muito mais difíceis, segundo o coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende. “Normalmente, o investimento encontra justificativa quando o sistema é de grande porte, o que não é o caso de BH. O custo é muito alto em relação ao benefício, pois o que é observado é o volume de passageiros”, explica.
Segundo ele, em um sistema de metrô, é obrigatória a atualização tecnológica constante, para melhorar a operação. “A ocorrência de problemas desse tipo (pane) com frequência mostra que não está ocorrendo essa atualização”, diz.
A CBTU informou que são aplicados R$ 80 milhões/ano no custeio e manutenção do sistema. Sobre os novos vagões, a informação é de que o primeiro dos 10 trens é considerado um “cabeça de série” e “por isso a bateria de testes é mais extensa, o que demanda maior tempo para a liberação da composição, bem como para a execução de ajustes e adaptações em instalações como estações, oficinas e pátios de estacionamento”, diz nota da companhia.