Antes de iniciar oficialmente o ritual que abre as celebrações chamadas de tríduo pascal, que se encerram com a ressurreição de Cristo, dom Walmor se aproximou dos fiéis para cumprimentá-los. Um dos momentos de maior comoção é a bêção dos santos óleos, que são consagrados pelo arcebispo metropolitano para serem usados nas celebrações dos sacramentos, como batismo e crisma. “Na quinta-feira santa, nós celebramos a última ceia de Cristo. Quando ele reuniu os apóstolos e lhes disse: Tomai e comei, tomai e bebei, isto é o meu corpo, fazei isto em memória de mim. Dessa forma, ele nos deu os grandes dons da eucaristia e do sacerdócio, que são fontes inesgotáveis do amor e da graça de Deus”, disse.
Durante o sermão, o arcebispo criticou a atuação dos políticos. O religioso afirmou que os governos “não têm a lucidez necessária para minorar a dor e o sofrimento de tantas pessoas”. O resultado, segundo ele, é um “mundo com lágrimas, abandono, exclusão e indiferença”. O caminho é cobrar melhor atuação das pessoas que representam o povo. “Temos que exigir que aqueles que têm maiores responsabilidades dialoguem entre si e não busquem apenas seus interesses, mas, sobretudo, tenham a competência de olhar os interesses e as necessidades do povo, particularmente dos pobres”, completa.
Atenta a todos os detalhes da missa, a professora Florinda Florência Freitas, de 57 anos, foi ao Mineirinho com um binóculo. Ela rodou por todo o ginásio analisando cada ponto da celebração. “Quero ver todos os padres que conheço. Não vou perder absolutamente nada, essa missa é muito importante, pois as pessoas se juntam para renovar a fé”, afirmou, lembrando-se também dos párocos que já morreram.
Para a doméstica Joana Celi Marçal, de 60, a presença no Mineirinho teve um sabor especial. “Estou matando a saudade. Frequento esse evento há 30 anos, mas há 11 não consigo comparecer por causa do meu horário de trabalho. Precisamos nos unir. É a forma que temos para juntar as forças e aumentar a nossa fé”, conta.
A dona de casa Maria de Lourdes Vieira da Silva, de 69, acha que as pessoas estão aos poucos perdendo a fé, principalmente por conta da ação dos políticos. “Eles olham só para eles e lembram de nós apenas quando precisam de votos. Por isso, precisamos de mais amor, carinho e fé. É dessa forma que toco minha vida com Jesus Cristo”, diz ela.
Professor de ensino religioso do Colégio Santa Maria, Silésio Eustáquio Lopes foi um dos responsáveis por um grupo de 200 estudantes de nove unidades da escola que pertence à arquidiocese. “É importante que crianças e jovens aprendam desde cedo os valores cristãos, pois isso se reflete em valores de bons cidadãos”, diz ele.
O padre Quirino José Quadros, da Paróquia de São Sebastião, em Nova União, na Grande BH, lembra que a presença dos sacerdotes de 278 paróquias de 28 cidades significa uma oportunidade de reavivar os valores da eucaristia. “É a oportunidade que temos para buscar essa unidade e fortalecer a nossa fé. A Igreja enfrenta dificuldades devido à descrença das pessoas, por isso é importante esse momento de reflexão”, afirma o padre. O estudante Lucas Ferreira Antunes, de 20, assistiu à a Missa da Unidade pela quinta vez e enxerga na celebração uma excelente oportunidade para fazer a comunhão de todas as paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte. “É um momento de muita meditação e reflexão de tudo que Cristo viveu para nos salvar”, diz ele.