Entre o escorregador e outros brinquedos, a criançada também teve a opção de aprender sobre reciclagem, em um cantinho montado com a ajuda do Centro Mineiro de Referência em Resíduos. A felicidade estava estampada no rosto de João Guilherme, que, descalço, correu pelo salão de festas, mostrou aos amigos o caminhão de coleta infantil que ganhou dos pais, abraçou e se divertiu com os garis. “O lixo tem que jogar na lixeira”, dizia o pequeno a quem chegava. A paixão pelos super-heróis de laranja começou cedo, quando João Guilherme tinha apenas 7 meses.
Patrícia trabalha na área operacional da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e fiscaliza o trabalho dos garis. No entanto, ela garante que o interesse do filho é bem anterior à sua atuação na autarquia municipal. “Quando ele vai trabalhar comigo, pede para tirar foto com os garis. Mas o amor que ele tem é pelo que vê na rua, pela alegria deles”. E a admiração é tamanha que, quando o menino vê um caminhão de garis na rua, pede ao pai, o músico Reginaldoo da Silva, de 35, para parar o carro. “Um dia, encontramos um caminhão de coleta e ele falou para o pai que o coração dele não ia aguentar de tanta emoção”, lembra Patrícia.
RECONHECIMENTO Durante a festa, garis foram prestigiar a comemoração do pequeno João. É o caso de Daniel Rosa da Cruz, de 45, que há 19 trabalha na coleta. “O amor dele pelos garis é de uma espontaneidade sem tamanho. Ele não foi em lugar nenhum buscar esse aprendizado. É algo que saiu de dentro dele”, diz. Para Daniel, que atuou por muitos anos, no grupo de mobilização social da SLU, o amor com que as crianças tratam os garis faz com que os adultos também possam valorizá-los. “O carisma deles conosco faz com que adultos possam nos olhar com respeito e admiração”, diz.
Daniel fez participação especial no CD infantil gravado por Rubinho do Vale. O músico mineiro compôs uma homenagem aos profissionais de limpeza. “O preconceito com a gente diminuiu muito, mas existe ainda”, ponderou. A música tocou durante boa parte da festa para alegrar a criançada e também lembrá-los da importância desses profissionais.
Os convidados aprovaram a decoração da festa cujo esmero e criatividade podiam ser vistos em cada detalhe, como o servidor público Walace dos Reis, de 46. “Fiquei deslumbrado com tanta beleza”, disse. Para ele, é muito bacana que um menino, no dia do aniversário, queira ser como o gari. “O caminhão passa na porta da casa dele e eles brincam muito com ele, por isso, essa afinidade. Nunca fui a uma festa infantil que esse tenha sido o tema da recepção. Está tudo muto bom. As crianças estão encantadas.”.