O depoimento da jovem Marília Cristiane Gomes, de 19 anos, acusada de matar o filho de dois anos e esconder o corpo dele em um sofá, foi adiado pela Justiça. A mulher seria ouvida nesta terça-feira durante audiência de instrução e julgamento que acontece no Fórum de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Porém, três testemunhas que seriam interrogadas pela juíza do caso não foram localizadas e, por isso, uma nova data será marcada para uma nova sessão.
A morte do garoto Keven Gomes Sobra, em julho do ano passado, causou revolta e comoção. Marília chamou a polícia dizendo que o filho havia desaparecido de casa. Ela contou que estava lavando roupas enquanto o menino dormia e criou uma história de que ele havia sumido. No dia seguinte ao assassinato, o Corpo de Bombeiros foi acionado e fez buscas pelo garoto. Alguns militares arrombaram a casa onde ele estava, mas o corpo não foi encontrado. A criança foi encontrada morta depois que a tia dela, Lucimeire de Souza Antunes, de 21, chegou em casa e notou um cheiro forte vindo do sofá. Ela chamou o pai do menino, que encontrou o corpo.
Marília foi chamada para a delegacia para prestar depoimento. Em suas oitivas, apresentou várias contradições, e, conforme as investigações, tirava de si a responsabilidade. Ao notar que a polícia já suspeitava de seus depoimentos, a mulher acabou confessando. Segundo a mulher, o menino estava dormindo e quando se levantou mexeu no celular dela. O aparelho caiu e o garoto deu um tapa na mão da mãe, que foi pegar o telefone. Marília disse que perdeu a cabeça, pegou as duas mãos da criança e a arremessou com força na cama do casal. O menino bateu a cabeça na parede e desmaiou.
Durante o depoimento, a mulher contou que o garoto começou a mudar de cor e notou uma espuma branca na boca dele. Como ficou com medo de ser linchada e presa, não contou para ninguém sobre o caso. Para tentar se livrar da criança, pegou-a no colo e a levou até a casa vizinha, que pertence aos cunhados. Lá, pegou um lençol, enrolou o corpo e tirou o forro do sofá. Depois de colocar o menino na madeira, voltou a colar o forro do móvel.
A audiência de instrução, que é realizada para o juiz determinar se a ré vai ou não ser julgada em júri popular, começou na segunda-feira. Ao todo, foram ouvidas sete pessoas arroladas pela Promotora de Justiça, Patrícia Parizi, sendo dois investigadores da Polícia Civil, o tio e a tia da vítima, que morava no imóvel onde ela foi encontrada morta, um outro familiar do garoto e o dono dos imóveis do terreno.
Nesta terça-feira existia a expectativa para o depoimento da ré, que seria ouvida depois de nove testemunhas. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), três pessoas arroladas pela defesa não foram localizadas. Como o advogado Marco Antônio Siqueira, que defende Marília, julgou necessário as oitivas, a audiência foi adiada.
Uma nova data será marcada pela juíza Daniela Cunha Pereira, da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Ibirité. Depois que todas as testemunhas forem ouvidas, será a vez da ré. Em seguida, a acusação e a defesa terão cinco dias, cada uma, para fazer as alegações finais. Após o prazo, o processo vai voltar para a juíza que vai decidir se a jovem irá ou não a júri popular.
Pedidos da defesa
O advogado Marco Antônio já tinha pedido o adiamento do interrogatório da jovem. “Requeri porque ela vem fazendo uso de vários medicamentos para controle emocional e psiquiátrico. Ela só pode ser interrogada com uma autorização de um médico”, comentou. Segundo ele, a juíza acatou o pedido e solicitou ao sistema prisional que envie um relatório sobre a situação da mulher.