A Cowan foi a única empresa que deu apoio às vítimas nos primeiros meses depois da tragédia. Cristinele Pereira é esposa de Charlys e conta que os planos do casal de trocar de carro, comprar uma casa e ter filhos foram interrompidos pelo acidente. “Se fosse alguém da família deles, saberiam como me sinto. Só Deus vai julgar culpado ou inocentes, mas eu quero Justiça”.
À Cristilene, a Cowan deu uma ajuda de custo por dois meses depois do acidente, além de cobrir os danos do carro de Charlys, destruído no acidente, e fornecer ajuda psicológica para a esposa. Segundo ela, a Consol nunca a procurou e a prefeitura de Belo Horizonte mandou representante em apenas uma reunião com os advogados dela.
José Antônio dos Santos é o pai de Hanna e também desabafa: “É uma ferida que não fecha. É uma coisa que você acha que vai acontecer com os outros e não com você". A mãe da motorista, Analina Soares Santos pediu Justiça: “Eles roubaram ela. Eles tiraram ela daqui. Quero que quem cometeu este crime pague. Já vai para um ano que aconteceu e não fomos procurados por ninguém”.
Aos familiares de Hanna, a Cowan deu um ônibus suplementar novo e assistência psicológica para a filha da vítima, de 6 anos, que também estava no acidente e viu a mãe morrer. A menina recebeu tratamento até outubro de 2014. De acordo com a advogada da família, Marcela Rangel, os pais de Hanna estão endividados porque, mesmo recebendo o veículo pago pela Cowan, precisaram quitar o ônibus anterior que estava financiado. Assim, pegaram empréstimos e amargam uma dívida de aproximadamente R$ 30 mil. Segundo a advogada, a ajuda foi insuficiente e fruto de uma batalha da família em procurar, insistentemente, os responsáveis.
O elevado Batalha dos Guararapes desabou durante a Copa do Mundo, deixando os dois mortos e 23 feridos. O trânsito na região da queda, na Avenida Pedro I, ficou interditado por cerca de 60 dias até demolição da parte que restou do elevado. A Polícia Civil ainda não apresentou os resultados do inquérito que investiga as responsabilidades pelo desabamento. A expectativa é que sejam indiciadas pessoas ligadas a todas as etapas, como projeto, obra e fiscalização. Segundo a perícia oficial da Polícia Civil, o projeto previa menos aço do que o necessário na estrutura de um dos pilares.
Representantes da Cowan estiveram na audiência pública, mas não falaram com a imprensa.
Os parlamentares Henrique Braga, Juninho Paim e Gilson Reis voltaram a reforçar a necessidade de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o acidente, mas não há data para a criação da CPI. .