Os olhos atentos da vizinhança deram o alarme que permitiu evitar o assalto na quinta-feira a uma moradia do Bairro Bandeirantes, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. Três jovens, entre eles, um adolescente de 17 anos, aproveitaram a chegada de um funcionário para invadir o imóvel, na esquina da Rua Lombardia com a Avenida Novara. Com um revólver, os criminosos fizeram moradores e empregados reféns e, em seguida, iniciaram a busca por joias, dinheiro e eletrônicos. O trio só não teve sucesso porque uma vizinha desconfiou da movimentação na casa, avisou no grupo de WhatsApp criado pela associação de moradores e a Polícia Militar foi chamada. PMs do Comando Tático do 34º Batalhão cercaram a casa e prenderam três homens.
Esse foi o segundo caso de tentativa de assalto no bairro registrado nesta semana, e a terceira vez que a mesma moradia foi alvo de ladrões – os outros ataques ocorreram em 2004 e 2011, quando foram levados joias e dinheiro. No Bandeirante, na segunda-feira, três adolescentes foram apreendidos depois de render um engenheiro e invadir a casa dele, na Rua Varese. O irmão da vítima viu, pelo celular, imagens do crime geradas por câmeras de segurança e a PM conseguiu apreender os menores.
Ontem, segundo a PM, Wandeus Felipe dos Santos e Silva, de 23 anos, Davdson Alves Mendes Júnior, de 19, e o menor L.H.M.A estacionaram um Fiat Stillo na Rua Lombardia e ficaram aguardando uma oportunidade para agir. Por volta das 9h, quando o funcionário que cuida da psicina se aproximou, o trio saiu do carro e o rendeu. Já dentro da casa, os ladrões surpreenderam a proprietária, a professora aposentada Y.M., de 72, que se vestia para tomar o café, e uma das duas funcionárias. A outra correu e se trancou no quarto.
O marido de Y., o também professor aposentado E.C.M., de 75, estava na casa de um dos vizinhos, resolvendo assuntos sobre o reparo do motor do portão, e assim que voltou para casa foi abordado e levado para a saleta onde a mulher e a empregada eram mantidas reféns, sob a mira de uma arma.
CÔMODOS REVIRADOS As vítimas contaram que, enquanto um dos assaltantes os vigiavam, os outros reviraram os cômodos. “Eles queriam saber se tinha um cofre na casa. Também pediram joias, notebooks, smartphones, relógios e roupas. Chegaram a pegar uma mala e colocaram várias peças dentro dela. Também pegaram uma TV e um som”, contou o aposentado.
Segundo ele, a intenção do trio era colocar todos as coisas dentro do carro dele e de sua mulher – um Honda City e um Honda Fit – e fugir nos veículos, porém eles não tiveram tempo, pois em cerca de 20 minutos a PM chegou. O dono da casa contou que os assaltantes ficaram desesperados. “Disseram sujou e correram. A PM entrou logo em seguida e em poucos minutos os três estavam apreendidos”, disse E.
Segundo o tenente Magno Olimpio, do Comando Tático da 17ª Companhia do 34º BPM, logo em seguida outras viaturas chegaram em apoio. Os militares chamaram no imóvel e, depois que ninguém atendeu, resolveram entrar na casa. Assim que chegaram à sala, viram dois assaltantes correndo. O terceiro se trancou na despensa, mas acabou se entregando. O revólver calibre 38 que estava com ele foi encontrado escondido entre pacotes de alimento.
Assim que foram capturados, os três foram levados à Unidade de Pronto-Atendimento Santa Teresinha, onde foram examinados e medicados. Depois do atendimento médico, seguiram para a sede do 34º BPM para o registro do boletim de ocorrência e na sequência foram levados para o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte. (CIA-BH).
Vigilância Social
A diretora da Associação Pró-Interesse do Bairro Bandeirantes (Apib), Adriene Arantes Moore, contou ontem que há um ano e meio foi criado o grupo no WhatsApp, que fechou a cota de 100 participantes, incluindo moradores e policiais militares responsáveis pelo patrulhamento na região. Segundo ela, por meio do aplicativo são trocadas informações sobre movimentação de estranhos e veículos suspeitos. “A orientação da PM é para que avisemos quando nos depararmos com alguma situação incomum. Isso vem dando certo. É um morador cuidando do outro, ajudando a afugentar os bandidos”, disse Adriene, que tem justamente a função de fazer o canal entre comunidade e polícia.