De acordo com o boletim de ocorrência da PM, Guilherme e o outro soldado que trabalharam em Itapeva estavam de folga, mas por iniciativa pessoal, prenderam um traficante na cidade, na sexta-feira. No momento em que entregaram o criminoso para dois colegas que estavam de serviço, ficaram sabendo do assalto ao Posto Falcão, no Km 919 da BR-381, nos arredores da cidade. Os dois militares de folga decidiram ir para o posto para investigar o crime.
No posto, os soldados conversavam com os frentistas quando perceberam a aproximação de um Gol branco, com vidros escuros. Eles entraram no carro de Jurgensen, achando que os assaltantes estavam no veículo, e foram investigar. Quando passavam pelo Gol, o companheiro de Guilherme sacou sua arma.
Ao ver a pistola na mão do amigo de Guilherme, o oficial e seu acompanhante atiraram contra o carro do soldado. Jurgensen foi baleado na cabeça. Os outros três militares envolvidos no tiroteio não se feriram. Guilherme chegou a ser levado para o Hospital São Lucas, na cidade vizinha de Extrema, mas morreu antes de ser socorrido.
A confusão só foi desfeita quando o tenente comunicou a troca de tiros e foi informado que os homens que estavam no outro carro eram militares lotados em Itapeva e também investigavam o assalto ao posto de combustíveis. O oficial e o aspirante foram detidos e levados para a sede do 59º Batalhão da PM, em Extrema, ao qual todos os militares envolvidos pertencem.
De acordo com o tenente Rildo Bezerra, que ontem respondia pelo batalhão, o oficial e o aspirante foram autuados em flagrante por homicídio e somente amanhã a Justiça Militar vai decidir se acata o pedido de soltura provisória. Os dois ocupantes do Gol atiraram e caberá ao comandante do 59º BPM analisar o caso, para instaurar um procedimento de apuração administrativo, além do inquérito por homicídio na Justiça.
O soldado que acompanhava Jurgensen passou por avaliação psicológica e já foi integrado ao serviço. Num primeiro depoimento, o tenente acusado do crime, que trabalha no serviço de inteligência da PM, disse que fazia levantamentos na região do assalto, quando foi informado do roubo no posto e seguiu para lá.
Guilherme Jurgensen estava na Polícia Militar desde 2008. Casado há 10 anos com uma advogada do Tribunal de Justiça, ele deixa dois filhos com idades de 7 e 3 anos. Ele e os outros três militares envolvidos na ocorrência têm ficha considerada “exemplar” na corporação. Ele será enterrado com honras militares na cidade paulista em que mora sua família.