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Estado de Minas

PM morto por engano em troca de tiros com tenente será sepultado hoje

Soldados que estavam de folga foram investigar crime em posto de gasolina. Um tenente, em uma viatura descaracterizada, atirou contra o veículos em que estavam os soldados


postado em 12/04/2015 06:00 / atualizado em 12/04/2015 08:08

Será enterrado hoje pela manhã, no cemitério municipal de Mogi Mirim (SP), o corpo do soldado Guilherme Ricardo Jurgensen, de 32 anos, morto em troca de tiros com um tenente e um aspirante da Polícia Militar, durante operação em que todos estavam à paisana, em Itapeva, no Sul de Minas. O tiroteio entre os PMs ocorreu por volta das 23h da sexta-feira, depois que quatro homens assaltaram um posto de combustível na cidade. O oficial estava em uma viatura descaracterizada, e Jurgensen e outro soldado, ambos de folga, foram atender a ocorrência de roubo em um carro particular, o que despertou suspeitas mútuas. Na abordagem, houve a troca de tiros.


De acordo com o boletim de ocorrência da PM, Guilherme e o outro soldado que trabalharam em Itapeva estavam de folga, mas por iniciativa pessoal, prenderam um traficante na cidade, na sexta-feira. No momento em que entregaram o criminoso para dois colegas que estavam de serviço, ficaram sabendo do assalto ao Posto Falcão, no Km 919 da BR-381, nos arredores da cidade. Os dois militares de folga decidiram ir para o posto para investigar o crime.

No posto, os soldados conversavam com os frentistas quando perceberam a aproximação de um Gol branco, com vidros escuros. Eles entraram no carro de Jurgensen, achando que os assaltantes estavam no veículo, e foram investigar. Quando passavam pelo Gol, o companheiro de Guilherme sacou sua arma. No carro, uma viatura descaracterizada da PM, estavam um tenente e um aspirante, que desconfiaram do comportamento de Jurgensen e de seu parceiro, e também estavam armados.

Ao ver a pistola na mão do amigo de Guilherme, o oficial e seu acompanhante atiraram contra o carro do soldado. Jurgensen foi baleado na cabeça. Os outros três militares envolvidos no tiroteio não se feriram. Guilherme chegou a ser levado para o Hospital São Lucas, na cidade vizinha de Extrema, mas morreu antes de ser socorrido.
A confusão só foi desfeita quando o tenente comunicou a troca de tiros e foi informado que os homens que estavam no outro carro eram militares lotados em Itapeva e também investigavam o assalto ao posto de combustíveis. O oficial e o aspirante foram detidos e levados para a sede do 59º Batalhão da PM, em Extrema, ao qual todos os militares envolvidos pertencem.


De acordo com o tenente Rildo Bezerra, que ontem respondia pelo batalhão, o oficial e o aspirante foram autuados em flagrante por homicídio e somente amanhã a Justiça Militar vai decidir se acata o pedido de soltura provisória. Os dois ocupantes do Gol atiraram e caberá ao comandante do 59º BPM analisar o caso, para instaurar um procedimento de apuração administrativo, além do inquérito por homicídio na Justiça.
O soldado que acompanhava Jurgensen passou por avaliação psicológica e já foi integrado ao serviço. Num primeiro depoimento, o tenente acusado do crime, que trabalha no serviço de inteligência da PM, disse que fazia levantamentos na região do assalto, quando foi informado do roubo no posto e seguiu para lá.


Guilherme Jurgensen estava na Polícia Militar desde 2008. Casado há 10 anos com uma advogada do Tribunal de Justiça, ele deixa dois filhos com idades de 7 e 3 anos. Ele e os outros três militares envolvidos na ocorrência têm ficha considerada “exemplar” na corporação. Ele será enterrado com honras militares na cidade paulista em que mora sua família.


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