Morador da comunidade, o dono de oficina Luiz Lara, de 60 anos, diz que a poluição começou a ser sentida há pouco mais de 10 anos, com a expansão da comunidade de Morro Alto, em Vespasiano. “Não foi feita rede de esgoto ou urbanização. Com isso, o esgoto veio jorrando direto das casas para uma porção de córregos, vindo parar no Córrego Sujo. A Copasa até fez uma rede de coleta, mas parece que os moradores não fazem a ligação para não pagar esgoto”, afirma. Para ele, o pior seria deixar a região. “Se o Rodoanel chegar mesmo, não vamos ter escapatória, porque o trevo que será feito entre a estrada e a MG-010 será enorme. A gente não gosta nem de pensar nisso.
A situação mais degradante, no entanto, é a do Ribeirão das Areias. A expansão imobiliária no local é tão intensa que praticamente não há mais espaços para serem ocupados nas margens entre os três municípios que o manancial corta (Ribeirão das Neves, Vespasiano e Pedro Leopoldo). A concentração de poluentes é tão alta que as pequenas corredeiras produzem crostas de espuma que flutuam curso abaixo como se fossem ilhas brancas e indicam, sobretudo, os lançamentos domésticos de detergentes. Não existem mais peixes no local e o odor de esgoto sufoca as áreas próximas.
A análise do empreendimento é clara: “O rio foi morto”, mas ainda poderia ser recuperado com coleta sanitária e outras políticas ambientais. “Esse é um retrato das periferias da Grande BH, mas que tem mostrado uma grande falta de política dos governos. Isso porque a expansão de invasões e de ocupações tem sido muito menor do que no passado, dando tempo para terem sido feitas políticas de infraestrutura habitacional e sanitária”, afirma o especialista em análise ambiental e modelagens de sistemas ambientais Paulo Eduardo Borges.