O Córrego Sujo, em Vespasiano, na Grande BH, que está na área de abrangência do Rodoanel, contém 2.240% mais coliformes fecais do que o preconizado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), segundo levantamentos químico do projeto da obra viária. Esse tipo de bactéria é um indicativo claro de esgoto para especialistas, pois sobrevive no intestino de mamíferos e pode transmitir doenças infecciosas, como a febre tifoide, paratifoide, disenteria e cólera.
A situação mais degradante, no entanto, é a do Ribeirão das Areias. A expansão imobiliária no local é tão intensa que praticamente não há mais espaços para serem ocupados nas margens entre os três municípios que o manancial corta (Ribeirão das Neves, Vespasiano e Pedro Leopoldo). A concentração de poluentes é tão alta que as pequenas corredeiras produzem crostas de espuma que flutuam curso abaixo como se fossem ilhas brancas e indicam, sobretudo, os lançamentos domésticos de detergentes. Não existem mais peixes no local e o odor de esgoto sufoca as áreas próximas.
A análise do empreendimento é clara: “O rio foi morto”, mas ainda poderia ser recuperado com coleta sanitária e outras políticas ambientais. “Esse é um retrato das periferias da Grande BH, mas que tem mostrado uma grande falta de política dos governos. Isso porque a expansão de invasões e de ocupações tem sido muito menor do que no passado, dando tempo para terem sido feitas políticas de infraestrutura habitacional e sanitária”, afirma o especialista em análise ambiental e modelagens de sistemas ambientais Paulo Eduardo Borges.