Aparelhos enferrujados, quebrados e até interditados por falta de condições de uso têm causado risco de lesões e transtornos a quem se exercita nos equipamentos de ginástica do programa Academia ao ar livre, em Belo Horizonte. Pelo menos 10% dos 340 conjuntos de ginástica precisam de algum tipo de reparo, devido à falta de manutenção, ao vandalismo e ao desgaste causado pelo tempo. O levantamento é da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, que prepara um chamamento público para captar parceiros para adoção das academias em espaços públicos. Em fase final de elaboração, o edital deve ser lançado até o fim do mês e determina que a iniciativa privada cuide da manutenção dos instrumentos e, em contrapartida, explore os equipamentos colocando uma placa de publicidade.
Atualmente, a manutenção é feita pelas administrações regionais da prefeitura. Mas, apesar do trabalho, não é raro encontrar problemas. Nem mesmo cartões-postais da cidade escapam. Na Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, há um aparelho para exercícios de perna sem condições de uso porque o apoio para as mãos foi quebrado, o que causa desequilíbrio. Além disso, é impossível se orientar sobre como se exercitar, já que a placa com a regras sobre uso está completamente pichada.
Perto dali, na Praça JK, no Sion, também na Centro-Sul, o transtorno se repete. Equipamentos quebrados, sem parafusos ou enferrujados pôem em risco a atividade física dos frequentadores da academia. No local, os aparelhos estão divididos em dois grupos: uma das partes, instalada inicialmente, dá mostras evidentes da falta de manutenção. Bem ao lado, um conjunto de peças novas ainda funciona bem. Um dos frequentadores da Praça JK, o professor Tyler Golembesky, de 42, cobra reparos frequentes. “É uma iniciativa importante, principalmente porque vejo que muitos idosos estão se exercitanto. Mas, sem manutenção, a atividade pode se tornar perigosa. É preciso cuidar mais”, afirma Tyler, morador do Sion.
Segundo o secretário municipal de Esportes e Lazer, Patrick Neil Drumond Albuquerque, a instalação dos equipamentos do programa Academia ao ar livre começou em 2012, a manutenção é frequente. Por outro lado, ele disse que a secretaria enfrenta muitos problemas relacionados a mau uso, vandalismo, pichação e, inclusive, roubo de equipamentos. Ele diz que existem duas frentes de trabalho para melhorar o reparo desses espaços. Além da tentativa de captar parceiros para adoção das academias, há a tentativa de criar um núcleo de manutenção para troca de peças, pinturas, reparos de pisos, entre outras demandas que surgem quase que diariamente.
Usuários querem um profissional no local
Equipamentos danificados não são a única reclamação de quem se exercita nas academias em espaços públicos de BH. Existe uma cobrança também para a presença de profissionais de educação física para orientar os usuários sobre a forma correta de fazer exercícios. A presença do profissional é recomendada pelo Conselho Regional de Educação Física. Segundo o coordenador do Departamento de Orientação e Fiscalização do órgão, Willian Pimentel, há risco de lesões e outros problemas de saúde se as atividades forem feitas de forma incorreta.
“O risco de lesões é alto e o trabalho do profissional pode evitar esses problemas, comuns principalmente nas grandes articulações, como ombro, joelho e quadril”, alerta Willian. Segundo ele, as complicações podem ocorrer principalmente por execução inadequada ou intensidades de força não reguladas: “A pessoa pode chegar a um limite de repetições e ter lesões graves. Dependendo do histórico de doenças, como diabetes, pressão alta e cardíacas, o problema pode ser mais grave e causar parada cardiorrespiratória, acidente vascular cerebral e morte”.
A aposentada Vânia Salgado, de 54, que usa os equipamentos de ginástica na Praça Godoy Betônico, no Bairro Cidade Jardim, Centro-Sul, ressalta a necessidade da presença de um profissional. “Considero importante que tenha um instrutor formado em educação física que possa, pelo menos uma vez por mês, com horário programado e divulgado na comunidade, nos orientar sobre o uso dos aparelhos”, diz.
O secretário Patrick Albuquerque informou que não há previsão para contratação de profissionais. “Os equipamentos já são feitos com cargas que não oferecem risco de lesão.