Jornal Estado de Minas

Viadutos da Avenida Pedro I apresentam erros de cálculos nos projetos

O estudo, apresentado nesta sexta-feira ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), sugeriu o monitoramento das estruturas, além de reparos

João Henrique do Vale
O problema foi detectado em pelo menos cinco viadutos da avenida Pedro I - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A.Press

O relatório feito pela consultoria das empresas CGP e RCK para a Prefeitura de Belo Horizonte em mais três viadutos da Avenida Dom Pedro I mostrou que todos eles apresentam erros de cálculo e estruturais. O estudo, apresentado nesta sexta-feira ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), sugeriu o monitoramento das estruturas, além de reparos. Segundo o promotor Eduardo Nepomuceno, as obras nos elevados devem gerar um custo extra de aproximadamente R$ 1 milhão aos cofres públicos.

Conforme o relatório, os viadutos Oscar Niemeyer, Monte Castelo e João Samaha, além do Montese, João Samaha e Gil Nogueira, que também fazem parte do conjunto de estruturas da Avenida Pedro I, apresentaram, em comum, erros de cálculo, além de outros problemas. “Basicamente, os erros apontados se referem a problemas estruturais como armação e erros de cálculos, que, segundo o trabalho da consultoria, não comprometem a estrutura e a instabilidade, mas exigem as correções para evitar fissuras nas estruturas dos viadutos e para aumentar a durabilidade das obras”, explica o promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte.

A Sudecap vai contratar um projeto executivo que vai detalhar qual intervenção que será feita em cada viaduto. Esse estudo deve ser feito pelas próprias empresas CGP e RCK, que fizeram a consultoria. Ao todo, o poder público deve gastar aproximadamente R$ 1 milhão. “A obra (de correção) no Gil Nogueira foi orçada pela Sudecap em R$ 267 mil.
Verificando caso a caso, dentro deste mesmo padrão, podemos dizer que esse valor seja um parâmetro para cada obra. Além disso, tem o valor da contratação desta revisão, que foi de R$ 200 mil, então, temos um gasto extra de, aproximadamente, R$ 1 milhão, gerando ai um ônus desnecessário e indevido ao poder público em razão de um serviço que foi malfeito”, afirma Nepomuceno. O MP informou que, futuramente, deve fazer uma análise técnica nos viadutos.

Responsabilidades

Para o promotor, a Sudecap, além da empresa que faz o projeto, tem responsabilidades sobre o ato. Além disso, cobrou do órgão municipal que teria tomado medidas tardiamente. “A Sudecap aprova os projetos executivos, então, os erros não são só da empresa projetista. Essa cautela que está tendo agora (Sudecap), é uma coisa tardia, pois se houvesse preventivamente os problemas não teriam acontecido. O rigor que está sendo agora, é um rigor depois que a porta foi arrombada. A providência está sendo tomada depois de ter pago o serviço”, disse.

Em relação a Cowan, que construiu os viadutos, e a Consol, responsável pelos projetos de cálculo, Nepomuceno não descartou medidas administrativas, como a retirada das empresas de disputarem licitações. “Estamos estudando essas medidas. O que nós temos de imediato é a necessidade de reparar esses problemas e trazer tranquilidade para os cidadãos que são usuários dos viadutos. Mas, evidentemente, o lado da reparação civil está premente, exige uma pronta medida dos órgãos públicos, principalmente do MP que é um órgão de fiscalização e que não vai se negar a cumprir o seu papel”, comentou.

Veja os problemas de cada viaduto e as soluções apresentadas

Viaduto Monte Castelo

Ausência de armação de fretagem na cabeça dos pilares
Comprimento das estacas inferior
Erro na memória de cálculo
Armadura de casalhamento menor com risco de fissuras no caixão
Armadura de fretagem menor para a protensão
Coeficiente de segurança nas estacas é menor que a norma NBR6122/2010

Sugestão: Monitoramento contínuo de recalques ou prova de carga para comprovar eficiência das estacas

Viaduto B – Oscar Niemeyer

Erro na memória de cálculo
Comprimento das estacas inferior
Bloco B1 com armação inferior, reduzindo o fator de segurança
Encontro E1 com armação de flexão inferior
Ausência de armação de fretagem na cabeça dos pilares
Armadura de cisalhamento menor com risco de aparecimento de fissuras
Armadura de fretagem menor para a protensão
Inconsistências no bloco B1 e estacas E1 e E3
Necessidade de reforço estrutural no bloco B1

Sugestão: Monitoramento de fissuras e contínuo de recalques do pilar P1, enquanto não realiza o reforço.
Realização de reforço estrutural com injeções de argamassa e medições de deslocamento no sentio fluxo.

João Samaha

Necessidade de correção de cálculo
Ausência de armação de fretagem dos pilares
Sem armadura miníma nos encontros
Aparelhos de apoio dos pilares P1, P2 e encontro E2 com esforços suspensos aos padrões
Armadura de fretagem menor para a protensão

Sugestão: Necessidade de reforço estrutural no primeiro e segundo vãos. Vistoria e trocas dos aparelhos de apoio.