Jornal Estado de Minas

Crocodilo de Campina Verde, que viveu há 90 milhões de anos, é exposto pela primeira vez

Esqueleto e escultura fazem parte de exposição, a partir desta sexta-feira, na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba. Nova espécie, única no mundo, pode ter sido descoberta na mesma região

Estado de Minas
Visitantes do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – CCCP/UFTM, poderão observar um espécime que habitou a região há cerca de 90 milhões de anos.
A partir desta sexta-feira, a exposição conta com a reconstituição do esqueleto do menor crocodilo do Brasil e, ainda, uma representação esculpida em tamanho real utilizando materiais como resinas e massa para modelar.

Descoberto ao acaso em 2009, o Campinasuchus dinizi, mais conhecido como crocodilo de Campina Verde, é uma espécie que habitava a Região do Triângulo Mineiro. Os primeiros fósseis deste crocodilo foram descobertos na fazenda Três Antas, localizada no município de Campina Verde e as escavações na região continuaram até outubro de 2014. Esta é a primeira vez que os fósseis originais do Campinasuchus estão expostos ao público.

No local, centenas de fósseis desta espécie, até então desconhecida da ciência, foram encontrados. De acordo com o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, a quantidade, grau de preservação e o número de fósseis encontrados na região são notáveis. Alguns exemplares traziam esqueletos quase completos, contendo crânio, vértebras, patas e cauda.

“A cada nova escavação no Sítio Três Antas novos espécimes são trazidos à luz da ciência. Além de Campinasuchus, há a possibilidade de outra espécie, única no mundo, descoberta em julho de 2014. São atribuídos também a este sítio paleontológico, excepcionais exemplares de peixes, fósseis de dinossauros e ovos de crocodilomorfos”, disse o geólogo.

O novo espécime mede 1,8 metro de comprimento e, diferente dos jacarés e crocodilos atuais que sempre estão próximos aos rios e lagos, o crocodilo de Campina Verde vivia essencialmente em terra firme.
Ele possuía patas longas e retas e cauda cilíndrica curta, inadequada para nadar. Além disso, a espécie tinha poucas placas ósseas compondo a couraça, o que o tornava leve e ágil.

Escultura

Rodolfo Nogueira faz a reconstituição com base nas pesquisas e análise das características da espécie - Foto: Luís Adolfo/UFTMO trabalho de elaboração das ilustrações e esculturas das espécies descobertas pelo CCCP/UFTM é feito pelo paleoartista Rodolfo Nogueira. Graduado em desenho industrial pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho – UNESP, ele desenvolveu uma metodologia científica para reconstruir animais extintos utilizando conceitos e suportes do design aplicados à paleontologia e arqueologia.

A produção artística é feita em parceria com os pesquisadores que, ao analisar os fósseis, orientam sobre as características da espécie. De acordo com o especialista, o processo de criação é dividido em quatro etapas: na primeira reúnem-se todas as informações necessárias para imaginar como foi aquele animal, os fósseis são analisados, vários artigos científicos são pesquisados e há discussões com os paleontólogos; em um segundo momento, é feita a ilustração do esqueleto digitalmente em 3D, nesta etapa a forma dos ossos é observada e comparada com animais atuais, tornando possível reconstituir a musculatura; na terceira etapa reconstrói-se a aparência em vida do animal, pele, textura e cores e por fim o ambiente onde ele viveu. O processo é o mesmo para as esculturas reais, primeiramente modelando o animal no computador para depo.