Na Semana da Inconfidência Mineira, quando o Brasil celebra a luta pela liberdade, liderada por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), o patrimônio deixado pelos conjurados ganha mais um passo para contar mais sobre essa história e ser bem preservado. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Coordenadoria das Promotorias de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC), recomendou o tombamento municipal de sítios arqueológicos às prefeituras de Prados – onde estão as ruínas da Fazenda Ponta do Morro, que pertenceu a Francisco Antônio de Oliveira Lopes –, e de Resende Costa, em cujo território se encontram as terras das antigas fazendas Campos Gerais, do inconfidente José de Resende Costa, pai, e da Laje, também de Francisco Antônio de Oliveira Lopes. Os bens culturais estão na Região do Campo das Vertentes.
Segundo o coordenador do CPPC, Marcos Paulo de Souza Miranda, o objetivo é garantir a conservação das ruínas e, futuramente, fazer um roteiro de estudos e também turístico interligando outras propriedades na região, que são a memória viva do movimento ocorrido em 1788-1789. “Nossa proposta é que seja feito um corredor cultural unindo tesouros do século 18, como a fazenda que foi do Padre Toledo, em Tiradentes, e outras de São João del-Rei. São marcos arquitetônicos de um período único da história do Brasil”, disse o promotor de Justiça.
SUPORTE TÉCNICO
Conforme diagnóstico do CPPC/MPMG (veja o quadro), mais de 70% das fazendas que pertenceram aos inconfidentes se encontram em péssimo estado. Muitas propriedades se tornaram ruínas tomadas pelo mato, como a Ponta do Morro, em Prados, e outras nem estão protegidas pelos órgãos do patrimônio. A Varginha do Lourenço, em Conselheiro Lafaiete, que foi de João da Costa Rodrigues, é um importante sítio arqueológico e necessita de vigilância permanente.
Marcos Paulo informa que os estudos pedindo o tombamento das áreas têm suporte técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob coordenação do arqueólogo Carlos Magno Guimarães. Alguns municípios já buscam formas de proteger as propriedades.
Propriedades rurais que pertenceram aos conjurados mineiros
BOM ESTADO DE CONSERVAÇÃO
Fazenda Borda do Campo
» Fica em Antônio Carlos, na Região Central. Propriedade particular, com casarão, capela e colégio, que pertenceu a José Aires Gomes
MAU ESTADO DE CONSERVAÇÃO
Fazenda Engenho Velho dos Cataguás ou Cataguazes
» Localizada em Lagoa Dourada, na Região do Campo das Vertentes, é considerada uma das pérolas do patrimônio inconfidente. Pertenceu a José de Resende Costa, pai. O MPMG instaurou procedimento para restauração do imóvel pela prefeitura local e proprietário
Chácara do Passa-10
» Em Ouro Preto, pertenceu a João Rodrigues de Macedo, que foi proprietário da Casa dos Contos, na mesma cidade
Fazenda do Gavião
» Localizada em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Pertenceu a José Vieira Couto. Está em ruínas
Fazenda do Registro Velho
» Considerada a mais antiga do Caminho Novo da Estrada Real, a propriedade pertenceu ao padre Manoel Rodrigues da Costa, que hospedou Tiradentes. Será restaurada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Fazenda Ponta do Morro
» Fica em Prados, na Região do Campo das Vertentes. Ruínas tomadas pelo mato
Fazenda dos Caldeirões ou São Julião
» Em ruínas e tomada pelo mato, no distrito de Miguel Burnier, em Ouro Preto. A capela da propriedade é alvo de estudos. Pertenceu a José Álvares Maciel e hoje é propriedade particular
VESTÍGIOS
Rocinha da Negra
» Documentos mostram que a fazenda em Simão Pereira, na Zona da Mata, pertenceu a Tiradentes. Da propriedade original ficou apenas um cemitério