Em ações de vigilância e repressão pela aduana brasileira, em 2014, a Receita Federal apreendeu 9 toneladas de maconha, 700 quilos de cocaína, 43 quilos de crack e 248 mil comprimidos de ecstasy.
Pesando 26 quilos, fôlego de filhote e força bruta da melhor fase adulta, Ivy tem rotina entre 3 e 4 horas de operações diárias.
A atuação “educada e cuidadosa” de Ivy, segundo Orlando, é fundamental para a filosofia de discrição e respeito ao passageiro. “A missão da aduana brasileira, em primeiro lugar, é a segurança da sociedade. Em segundo, a arrecadação”, ressalta o inspetor. O trabalho da cadela não está restrito aos bastidores, pelas esteiras, veículos e compartimentos de bagagens. A K9 também circula pelos salões e corredores do aeroporto. A agente capa preta, elegante, de pelagem bem cuidada que só ela, de olhar e expressão amigáveis, é atração especialmente para as crianças no saguão. Durante a operação acompanhada pela reportagem do Estado de Minas, a cadela arrancou sorrisos de meninos e meninas.
CUMPLICIDADE
“A Ivy, agora, inventou de brincar com as pedras”, conta Paula. A analista tributária, cuidadora e companheira de trabalho, precisa ter preparo físico de atleta para acompanhar a K9. O carinho e a cumplicidade entre as duas é de impressionar. Logo que Paula entra no canil, nos limites do sítio aeroportuário, Ivy salta às alturas. Quer brincar. Visivelmente feliz, a cadela apanha a pedra de quase um palmo para mostrar para a parceira. Brinca aqui e ali, faz o reconhecimento da equipe visitante e saracoteia para a sessão de fotos. Ao ver o carro da patrulha, sob a orientação da companheira de missão, Ivy salta para a casinha no banco de trás. Esperta, conhece o caminho e a rotina da brincadeira de vigilância e repressão.
A ação de Ivy não se limita ao aeroporto. A agente acaba de participar ativamente de ação em Três Marias, na Região Central de Minas.
Inovação tecnológica
Ivy e a agente tributária Paula Santos Almeida não estão sozinhas no combate às drogas na aduana no aeroporto de Confins. A Receita Federal conta com técnicos especializados e equipamento de raio-x com tecnologia de ponta, que varre eletrônicos, moeda estrangeira, pedras preciosas e semipreciosas, materiais cirúrgicos, equipamentos médicos e drogas. Durante os 15 minutos, de tempo médio, de desembaraço das bagagens, os volumes passam por pente fino em operações sistemáticas. No trabalho de bastidores, de acordo com o inspetor-chefe Orlando dos Santos, todo o cuidado é pouco pela segurança e conforto dos passageiros. Tanto quanto o apuro para identificar qualquer tipo de irregularidade.
De acordo com Santos, além da K9 e dos computadores de varredura, novos sistemas para dar celeridade ao desembaraço e monitorar suspeitos estão aumentando a eficiência da Receita Federal no Brasil. “O e-DBV, aplicativo para Android e iOS, é uma declaração eletrônica para os viajantes internacionais”, explica. Orlando fala com entusiasmo, ainda para este ano, de um sistema avançado de informação, com leitura facial, que vai acompanhar todo o trânsito de passageiros sob suspeita. “O que vai permitir que o agente aborde apenas aquele que deve ser abordado”, ressalta. Para o ano que vem, o número de cães treinados, como Ivy, deve dobrar. Serão 50 agentes especiais.
Saiba mais/Aduana brasileira
A administração aduaneira – ou aduana – atua no controle e na fiscalização de pessoas, mercadorias e veículos que entram e saem do país. A aduana é um órgão do Estado que tem funções diretamente relacionadas à segurança pública, com o combate aos crimes de contrabando de armas, munições, drogas, descaminho e pirataria. No Brasil, de PIB na casa dos US$ 2,39 trilhões, com 197 milhões de habitantes e 8,5 milhões de quilômetros quadrados, são 16,9 mil de fronteiras terrestres e 7,4 mil de orla marítima. Os serviços aduaneiros contam com 41 terminais de carga em aeroportos; 209 instalações portuárias; 34 pontos de fronteira; 66 portos secos
e 7 centros logísticos no interior do país.