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Estado de Minas

Barreiro tem alta de 440% nos casos de dengue e liga alerta contra doença

PBH reclama que alguns moradores da região mais populosa da capital escondem dos agentes os recipientes com água


postado em 23/04/2015 06:00 / atualizado em 23/04/2015 07:10

Lote sem manutenção na Rua Ribeirinha, no Bairro Olaria, gera risco de proliferação do mosquito (foto: FOTOS PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
Lote sem manutenção na Rua Ribeirinha, no Bairro Olaria, gera risco de proliferação do mosquito (foto: FOTOS PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)

Além de liderar o ranking dos casos de dengue em Belo Horizonte nos primeiros meses de 2015, o Barreiro, a região mais populosa da capital, com 283 mil habitantes, registrou a maior alta entre todas as nove regionais administrativas. O último boletim divulgado mostra que os casos confirmados cresceram 440%, passando de 41 entre janeiro e 17 de abril do ano passado, para 222 no mesmo período deste ano. Esse número corresponde a 26% dos 845 casos confirmados este ano. Nas ruas dos 74 bairros que integram a região, não é difícil encontrar uma pessoa que tenha o diagnóstico confirmado, está com suspeita ou já se curou.

Médicos e gestores dos postos de saúde afirmam que a pouca colaboração da população para receber os agentes de zoonoses é o principal desafio para combater o mosquito Aedes aegypti. Há casos de pessoas que, antes de liberar a entrada dos agentes de zoonoses da prefeitura, escondem recipientes com água parada, com medo de que a visita tenha caráter coercitivo e de penalização, embora o objetivo seja orientar e eliminar criatórios do mosquito.

Em um dos postos de saúde, a gerente da unidade informou que as pessoas com suspeitas da doença recebem todas as orientações e são informadas que precisam voltar no sexto dia dos sintomas para fazer o teste sorológico do sangue, que identifica a presença do anticorpo do vírus da dengue e garante o diagnóstico sem dúvidas. Foi o que aconteceu com a atendente de telemarketing Debora Stephanie Alves, de 20 anos, que aguardava novo atendimento no posto de saúde do Bairro Vila Pinho. Ela começou a perceber os sintomas em 13 de abril, mas, depois de receber o diagnóstico e começar o tratamento, não sentiu melhoras. “Parece que um trator passou em cima de mim. Tive febre, dor de cabeça e vomitei. Como não melhorou, a médica orientou que eu voltasse”, disse a jovem. Segundo ela, no ano passado, as cinco pessoas com quem mora tiveram dengue. “Só tinha sobrado eu, mas agora também acabei doente”, afirma.

 

"Parece que um trator passou em cima de mim. Tive febre, dor de cabeça e vomitei", Debora Stephanie Alves, atendente de telemarketing (foto: FOTOS PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
 

O estudante Thiago Gomes, de 25, também sofreu com o surto da doença no Barreiro. Morador do Bairro Milionários, ele diz que começou a passar mal há duas semanas. Ele esteve duas vezes em um hospital particular em Nova Lima, na Grande BH, antes da confirmação do diagnóstico. “Eu tive e minha irmã também teve dengue. Recebemos a visita dos agentes de zoonoses, mas lá em casa está tudo certo e bem acondicionado. Recentemente, houve uma proliferação de pernilongos perto de casa”, conta o estudante, que se curou depois de muita hidratação.

Uma das médicas que trabalha em outro posto de saúde informou que a principal dificuldade é obter a confiança da população no momento em que a prefeitura age para acabar com os criatórios e, consequentemente, reduzir os atendimentos. “Em reunião recente com a Gerência de Vigilância Epidemiológica, fomos informados que há casos em que as pessoas ficam com medo e escondem recipientes que estão, por exemplo, armazenando água por conta da possibilidade de racionamento. Só depois disso é que liberam a entrada dos agentes”, afirma.

O gerente de Controle de Zoonoses da Regional Barreiro, Vitor Rodrigues Dias, confirma a informação. “Eles esperam que vamos entrar e punir por causa daquela situação, mas não é isso. Qualquer agente de zoonoses está orientado a informar a melhor forma de armazenar a água, com recipientes bem tampados. Se coletar água, tem que tampar imediatamente. Tem gente que deixa um tambor para pegar o recurso hídrico da chuva por meio de calhas e esquece aberto, imaginando que vai chover nos outros dias também”, afirma.

A reportagem do EM encontrou uma caixa d’água no Bairro Olaria sem estar totalmente lacrada. A pequena passagem é o suficiente para a entrada do mosquito, segundo especialistas. No mesmo bairro também foram vistos materiais em lotes vagos que tem potencial para acumular água, como latas de tinta e pequenos potes de plástico.

MAIS COMBATE
Sobre o aumento de mais de 400% dos casos confirmados no Barreiro, o gerente de Controle de Zoonoses da região também explica que o vírus tipo 1 da dengue, que já circulou por boa parte da cidade, ainda não tinha chegado à região e agora apareceu e se prolifera com o acúmulo de água estocada, devido ao medo do racionamento. “Também estamos reforçando as visitas nos imóveis fechados. Se durante a semana o agente encontra uma casa sem ninguém, ele volta a fazer uma tentativa no sábado para eliminar os reservatórios”, afirma.

 

 


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