Jornal Estado de Minas

Comunidades que cuidam de usuários de drogas em MG ameaçam acionar governo na Justiça

As entidades afirmam que estão desde janeiro sem receber verbas do programa Aliança pela Vida. A Secretaria de Saúde confirmou os atrasos no repasse

João Henrique do Vale
A falta do repasse de verba do Governo Estadual para o programa Aliança pela vida, voltado aos dependentes de álcool, crack e outras drogas, pode virar caso de Justiça.
Comunidades terapêuticas ameaçam acionar o Estado caso a verba não volte a ser entregue as entidades. O caso foi discutido em audiência pública nesta quinta-feira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A Secretaria de Saúde confirmou os atrasos e afirmou que está sendo feito um esforço para regularizar a situação até maio.

O programa foi criado em 2011 para ampliar o combate as drogas em Minas Gerais. Dentre as ações, está o Cartão Aliança. Por meio dele, as clínicas recebem um valor diário para as despesas dos usuários que estão em tratamento. Em maio de 2014, o valor era de R$ 45 por dia, que no mês seria de R$ 1.350.
Esse valor, conforme denunciou as entidades, não está sendo pago desde janeiro.”As entidades estão ultrapassando todas as barreiras e estão indo. Se sustentando com dinheiro que tinham em caixa. Muitas tem vagas sociais e vagas particulares, que recebem pelo serviço. Isso ajudou até hoje a sustentar, mas não são aquelas fazendinhas de antigamente. São profissionalizadas. Tem escolas, enfermeiros, terapeutas para cuidar dos internos. Fica um valor muito alto”, questiona o presidente do Sindicato das Comunidades Terapêuticas de Minas Gerais (Sindterapêutica MG), Robert William Carvalho

O governo pediu um prazo de 20 dias para que a situação seja normalizada. As entidades ameaçam tomar medidas mais drásticas caso não tenha uma resposta. “O sindicato vai entrar com uma ação de execução para que o governo faça o pagamento judicialmente”, comenta Carvalho. Segundo ele, a situação das comunidades terapêuticas é crítica, tanto que se a falta de repasse perdurar, pacientes podem ser colocados na rua. “Teremos que dispensar e eles voltarem para as ruas, pois não conseguiremos tratar. Quem perde com isso são as famílias, o próprio interno e a sociedade”, afirma.

Durante o encontro na ALMG, que não teve a presença de nenhum representante da Secretaria do Governo, os representantes das comunidades terapêuticas fizeram outros questionamentos, como o possível cancelamento do edital do Cartão Aliança pela Vida.
Também sugeriram um canal de ouvidoria para os usuários do programa.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde informou que os “pagamentos estão sendo feitos de acordo com o fluxo de caixa e o esforço é para que a situação seja regularizada no início de maio”. A pasta não soube informar se o valor do Cartão Aliança segue no mesmo valor do ano passado. .