Longe da festa que rola no gramado da Arena Independência, uma lista de problemas se estende do lado de fora do chamado Gigante do Horto, na Região Leste de Belo Horizonte. Vizinhos do estádio, associações comunitárias e até mesmo os próprios torcedores cobram da Prefeitura de BH e de outros órgãos soluções para os incômodos que resultam da intensa movimentação de pessoas nos dias de jogos e eventos. O xixi na rua lidera as queixas, diante da falta de banheiros químicos. Há ainda reclamações sobre sujeira, avanço da atuação de flanelinhas – que achacam motoristas e cobram preços altos para estacionar na rua –, além de confusão no trânsito e congestionamentos no bairro, considerado tranquilo em dias normais.
Apesar de muitas regras terem sido discutidas e aprovadas pela comunidade antes do início da operação da Arena, o que os vizinhos alegam é que as medidas de controle não vêm sendo tomadas de maneira suficiente para evitar transtornos. A instalação de banheiros químicos, por exemplo, já foi assunto de reuniões da Comissão Facilitadora da Participação da Sociedade Civil – formada por moradores, governo estadual, Arena Independência e a empresa Ambiente, de ações socioambientais. Ainda assim, não há medidas práticas implantadas, nem sequer definição sobre a quem cabe a responsabilidade de instalar os sanitários móveis em dias de eventos.
Diretor de Relações Institucionais da Associação dos Amigos do Entorno do Estádio Independência e Adjacências (Aameia), Adelmo Gabriel Marques explica que todos os fatores de impacto relacionados à realização de jogos e eventos foram tratados durante a reforma do estádio. “Mas a instalação dos banheiros nunca foi resolvida”, afirma. Com isso, são frequentes as reclamações que chegam à associação, segundo ele.
O DIA SEGUINTE O motorista José Emídio Coelho, de 51 anos, morador da Rua Genoveva de Souza, vizinha à arena, considera o dia seguinte às partidas o maior problema. “Quando saio para trabalhar, às 6h30, a entrada de minha casa fede a urina. E não adianta jogar água”, reclama Coelho. O microempresário Helvécio Menezes Martins, de 44, morador da mesma rua, aponta outros problemas relacionados à limpeza. “Depois dos jogos não têm nenhum esquema de limpeza, só no dia seguinte. Além do mau cheiro, as ruas amanhecem cheias de lixo.”
A tranquilidade, uma das principais marcas do Horto e do vizinho Sagrada Família, também é colocada à prova nos dias de partidas no Independência. De acordo com um empresário de 50 anos, que prefere não se identificar, os congestionamentos são frequentes e moradores sempre enfrentam dificuldade para entrar ou sair de casa. A queixa é endossada por Helvécio Martins.
Na quarta-feira, dia de confronto entre Atlético Mineiro e Colo Colo do Chile, pela Copa Libertadores, os problemas se repetiram. A bancária Cristiane Soares, de 34, contou que passou 40 minutos a mais dentro do ônibus, preso em um engarrafamento nas imediações do estádio. Ele afirma que não se sente incomodada em ser vizinha da arena, mas admite que para chegar em casa em dias de jogos é complicado. “Dá para suportar, porque não é todo dia”, afirmou.
Vander Luiz Paiva, de 33, encarregado de um sacolão na esquina das ruas São Lucas e Pitangui, critica a falta de planejamento da fiscalização. “Nos dias de jogos, amargamos queda de 80% nas vendas.
POLÍCIA De acordo com o Major Ronaldo Moreira, Comandante da 20ª Companhia da Polícia Militar, o policiamento nos dias de jogo é reforçado para garantir o acesso do torcedor ao estádio, resguardar o patrimônio e orientar a circulação de veículos. Sobre os guardadores de carro ele afirmou que a pessoa que se sentir extorquida deve acionar o 190 da Polícia Militar.
Gerente operacional da Arena Independência, Helber Gurgel informou que a comunidade foi ouvida em reuniões da Comissão Facilitadora, antes mesmo da reforma do estádio e que, qualquer demanda pode ser levada às associações de bairro para ser discutida nas reuniões mensais do grupo..