Além de moradia, os moradores da casa têm alimentação e atendimento socioassistencial. O investimento foi de R$ 2,14 milhões, com recursos do Orçamento Participativo. O projeto do prédio respeita as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e tem elevador para portadores de necessidades especiais. No primeiro piso ficam a administração, a sala de atendimento técnico, lavanderia, cozinha, refeitório, sala multiuso, instalações sanitárias e um dormitório. No segundo andar, outros seis dormitórios, vestiários, instalações sanitárias e mais uma sala multiuso.
A coordenadora da casa, Andréa Oliveira Chagas, explica que os moradores são encaminhados de outros equipamentos da prefeitura, como abrigos. “A casa oferece psicólogos, assistentes sociais e instrutores que os acompanham 24 horas. Eles são encaminhados para empregos e cursos, médicos. Há oficinas de arte e de saúde com eles.
Para a secretária municipal de políticas sociais, Luzia Ferreira, disse que dentro da rede de serviços a criação da Unidade de Acolhimento é uma alternativa para aqueles que querem sair das ruas e ingressar no mercado de trabalho e reconstruir as suas vidas. Segundo ela, os moradores tem prazo para ficar e poderão voltar para casa de onde um dia sair ou alugar seu imóvel, havendo possibilidade de inclusão no programa Minha Casa, Minha vida. “É uma cadeia completa que a gente tem, desde a abordagem na rua, nossa rede de apoio e abrigos onde eles podem passar a noite”, disse a secretária. Segundo ela, a Unidade de Acolhimento para homens é a primeira com esse perfil a ser criada, que para as mulheres já existem as repúblicas femininas.
PRAÇA DA LIBERDADE
O Censo da População de Rua de BH do ano passado apontou 1,8 mil pessoas vivendo nessa situação, dos quais, 1,4 mil na Região Centro-Sul, boa parte no hipercentro. Semana passado, o secretário de estado da cultura, Angelo Oswaldo, pediu apoio à prefeitura para tentar resolver a multiplicação de sem-teto no entorno da Praça da Liberdade, um dos principais cartões-postais da capital que atrai turistas pelo conjunto arquitetônico e por ser um dos mais importantes circuitos culturais do país. Prefeitura, representantes do estado, Ministério Público e polícias Militar e Civil se reuniram quarta-feira para discutir estratégias de inclusão social dos andarilhos.
O prefeito Marcio Lacerda, presente na inauguração da unidade, disse que a cada ano consegue retirar de 200 a 250 pessoas das ruas e que precisa aumentar esse número. “Nem todos os moradores de rua aceitam ir para os abrigos. Boa parte deles não aceita nenhuma espécie de disciplina, de cumprimento de horário, de regra de higiene. São pessoas que estão em um estágio de sofrimento mental, digamos, grave. É muito difícil lidar”, disse Lacerda, reconhecendo que se todos os moradores de rua resolverem buscar abrigo, o número de vagas não será suficiente. “Mas, isso não acontece. Agora, a república é um estágio mais avançado e que precisa haver uma seleção mais cuidadosa das pessoas”, disse.
Sobre o pedido de Angelo Oswaldo, o prefeito disse que não pode retirar a pessoa da rua contra a sua vontade. “Não podemos é permitir que elas prejudiquem a circulação de pessoas, que montem acampamentos. Hoje, podemos recolher os pertences que não são pessoais, aqueles que eles não podem carregar com os próprios braços”, disse o prefeito. A orientação dele é que a população não ajude os moradores de rua dando dinheiro, alimento e outros objetos como colchões. “Isso incrementa a prática de morar nas ruas”, afirmou. A secretária Luzia Ferreira disse que todos os moradores de rua são incluídos em um cadastro único, para que possam tirar documentos, e recebem carteira para tomar café da manhã, almoçar e jantar nos restaurantes populares gratuitamente..