O anúncio feito na sexta-feira pela Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae/MG), de que vai autorizar até meados de maio o pedido de sobretarifa feito pela Copasa para quem aumentar o consumo, pôs moradores de Belo Horizonte em alerta. Com a iminência de uma cobrança extra, parte dos consumidores começa a estudar maneiras de gastar menos.
No Bairro Santa Efigênia, Leste da capital, Donizete Souza, de 35 anos, dono de um lava-jato de pequeno porte na Rua Guandu, conta que há um ano já vem reduzindo o consumo de água, mas que agora pretende analisar detalhadamente as contas de 2014 para saber o quanto poderá gastar sem ser afetado por tarifa mais cara. “Uso um maquinário que gasta menos água e investi em um produto químico que me possibilita lavar muitos carros a seco”, afirma. “Se essa sobretaxa me pegar, vou precisar passar a trabalhar cada vez mais com o produto e só deixar a água para os carros que estiverem muito sujos de terra”, acrescenta.
O contador Flayterp Andrade, 26 anos, também está preocupado com a possível cobrança de uma sobretarifa nas contas de água que excederem o consumo médio de 2014. “Durante a semana, saio de casa 7h30 e só volto 23h, porque estudo e trabalho. Isso me garante um consumo pequeno, mas costumo receber minha mãe, que mora em outra cidade. Nesses períodos, o consumo aumenta. Por isso, vou precisar pensar em alguma estratégia”, afirma.
Reclamação
Na Rua Itaberá, a pesquisadora em artes visuais Jaqueline Prado, 44, reclamou da possibilidade de sobretaxa para consumidores residenciais. “Sempre tive uma conduta de economia e agora me sinto como se estivesse sendo punida por fazer as coisas da maneira certa”, diz. Ela conta que, além de atitudes como usar a água da máquina de lavar para higienizar outros ambientes da casa, vai precisar se reinventar. “Já constumamos fechar a torneira para escovar os dentes. Podemos começar a usar a água em um copo, diminuindo aquele tanto que se perde na hora de enxaguar a boca. Esse é um passo que pode ir se somando a outras ideias”, afirmou.
Síndico de um prédio na Rua Tenente Garro, o corretor de imóveis Paulo César Araújo, 50, diz que a conta de água do condomínio caiu de R$ 2,2 mil para R$ 1,5 mil este ano. “Já estou satisfeito com nosso resultado gradual, mas agora vamos conversar com os moradores e com a administradora do edifício com o objetivo de buscar ideias para nos deixar longe da sobretaxa”, contou.