Guilherme Paranaiba,
Pedro Ferreira e Andréa Silva
O motorista de uma BMW avaliada em R$ 200 mil fugiu depois de provocar um acidente que deixou seis feridos na madrugada de domingo na Praça da Liberdade. Segundo testemunhas, o empresário Célio Brasil Júnior, de 23 anos, apresentava sinais de que havia ingerido bebida alcoólica, o que ele nega, e abandonou o carro mesmo com a presença da Polícia Militar no local – a corporação diz que a fuga ocorreu após a chegada de militares. O veículo foi apreendido, assim como um frasco semelhante a um tubo de lança-perfume que estava no banco.
O acidente ocorreu por volta das 4h30. Célio estava na BMW modelo X6, fabricada em 2010, com mais quatro pessoas quando entrou em uma das alças da Praça da Liberdade e bateu em um Fiat Uno que estava estacionado do lado esquerdo da via. A BMW cruzou a pista e bateu em um poste com placa de sinalização em frente ao prédio onde funcionava o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).
Duas pessoas estavam no Uno: os estudantes Frederic Souza Gomes, 37 anos, e Amanda Lemos Morato Silva, 26. Os dois se feriram e foram levados ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Eles tiveram alta pouco depois. “Saímos de um evento na Una da Praça da Liberdade e o Frederic me levou até o ponto. Estávamos esperando meu ônibus quando sentimos a pancada. Desmaiei na hora”, contou Amanda.
“Na BMW tinha três caras e duas meninas. Os três homens estavam visivelmente embriagados e um deles entrou em um táxi quando a polícia tinha acabado de chegar”, contou Frederic. As duas jovens que estavam na BMW também foram atendidas, uma com um corte na testa e outra com um machucado na perna. Os três rapazes da BMW não receberam atendimento médico, mas dois deles se feriram: Lucas Miola, de 26 anos, e Rodolfo Marques, 22.
Com o impacto, o Fiat Uno ainda bateu em outro carro, um Toyota Corolla, onde estavam mais duas pessoas, mas elas não ficaram machucadas. “Achei estranho o fato de ter polícia no local e mesmo assim o motorista e todo mundo do carro ter ido embora, deixando o veículo no meio da rua”, disse uma testemunha que estava no terceiro carro atingido e que pediu anonimato.
Saída de festa Uma das ocupantes da BMW, que pediu para não ser identificada, contou ao Estado de Minas que ela e a amiga conheceram os três rapazes em uma boate no Bairro Buritis. A jovem afirmou que todos haviam consumido bebida alcoólica durante a festa e que os cinco deixaram a casa noturna por volta das 4h. Segundo ela, os três jovens disseram que voltariam para Lagoa Santa, na Grande BH, mas se ofereceram para levar as duas em casa. “O Célio não estava correndo. Ele nem sabia o caminho direito. Perdeu o controle da direção no momento que fez a curva para entrar na Praça da Liberdade”, contou a garota.
Embora a jovem que estava na BMW tenha afirmado que Célio bebeu, o empresário negou ao EM estar sob efeito de álcool no momento do acidente. Ele afirmou que teve um “apagão” e que não se lembra de nada. “Foi uma fatalidade. Acredito que eu tenha dormido ao volante”, afirmou. Célio disse que ficou desnorteado e que deixou o local do acidente assim que percebeu a chegada da polícia.
Sem prisão A decisão de fugir evitou que Célio fosse detido em flagrante e apresentado a um delegado, caso policiais suspeitassem que ele estava alcoolizado. Ele também teria de pagar multa de R$ 1.915 e fiança de valor estabelecido por um delegado em caso de comprovação de embriaguez. Apesar disso, o delegado Fernando Andrade, do Detran, afirma que a investigação conduzida a partir de hoje pode responsabilizar o condutor, caso testemunhas informem que ele tinha bebido ou apresentava sinais de embriaguez. Além da investigação por dirigir sob efeito de álcool, Célio responderá por lesão corporal. Se condenado pelos dois crimes, pode pegar de um a cinco anos de detenção. O delegado informou que o frasco semelhante a um tubo de lança-perfume será periciado.
O major Renato Cintra, comandante da 4ª Companhia da Polícia Militar, negou que a PM tenha liberado o condutor da BMW. “Quando as viaturas da 4ª Companhia chegaram ao local, o condutor já tinha ido embora e restaram apenas os passageiros, que não podem ser presos. O que a viatura fez foi aguardar a chegada de uma equipe do Batalhão de Trânsito, para o registro da ocorrência”, disse.