A empresária Adriana Carla Ros Faina, de 37 anos, moradora de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ainda se recupera do susto vivido durante o terremoto em Nepal, que deixou milhares de mortos. A paulista, que vive em Minas Gerais desde os 6 anos, teve que deixar a pousada onde estava hospedada no vilarejo de Chomrong, no momento do primeiro tremor que abalou o país. Ela conta que viu pedras descendo pela montanha. Os alertas das autoridades para novos abalos fazem a tensão aumentar a cada dia. Adriana ainda teme não conseguir voltar para o Brasil em 1º de maio, data prevista para o retorno.
A viagem para o Nepal aconteceu em 14 de abril. A empresária se integrou a um grupo de montanhistas para fazer trekking. No último sábado, acabou surpreendida, com os colegas, pelo terremoto. “Quando aconteceu o primeiro terremoto, estávamos nas montanhas em uma pousada no vilarejo de Chomrong. Foi assustador. Estávamos sentados para almoçar e tudo tremeu, chão, janelas, mesas. Ficamos um tempo sem entender o que estava acontecendo, até que nosso guia nos disse para evacuar a pousada que era um terremoto”, conta Adriana. (Veja o vídeo feito pela empresária momentos depois do abalo sísmico).
No lado de fora da pousada, que fica no alto de uma montanha, o desespero aumentou. “Algumas pedras rolaram morro abaixo. Tudo tremia do lado de fora, chão, árvores. Pareceu uma eternidade. Fiquei apavorada. Depois de um tempinho, teve outro (tremor), mas fraco”, comentou. Depois, o grupo foi levado para outra pousada em Pokhara.
Segundo a empresária, a cidade onde está não sofreu grandes danos com o tremor. Porém, o susto e o medo continuam. “Só ontem, as autoridades fizeram dois alertas, um às 17h e outro às 20h, mas nenhum se concretizou”, afirma. As bagagens de Adriana ficaram em Kathmandu, que serviu de base para o grupo de motanhistas. O local foi o mais abalado pelo terremoto. Sem muitas roupas, ela tenta se virar como pode. “ Estamos com os equipamentos e roupas do trekking. O que falta compramos no mercado. As malas estão em Kathmandu onde teremos que ir para pegar o voo. Recebemos informações de que o hotel onde estão as bagagens está condenado, mas não tem nada confirmado”, comentou.
Expectativa e esperança para a volta
A grande tensão vivida pela empresária é em relação à volta para o Brasil. Ela está com passagens compradas para o retorno no dia 1º de maio. “Não vejo a hora de voltar. Fui avisada de que o voo está confirmado. Temos receio de ir para a capital (Kathmandu) e o voo ser cancelado”, disse. O Ministério das Relações Exteriores dá apoio aos turistas.
Contato com a família
Logo depois do terremoto, a empresária fez questão de fazer contatos com a família e amigos próximos. “Foi a primeira coisa que fiz. Durante todo o trajeto na montanha, ou quase todo, temos wi-fi disponível por valor equivalente a US$ 1,50. Logo que passou o terremoto, gravei um vídeo muito emocionada em que falei para minha família o quanto ela é importante”, revelou.
Era madrugada no Brasil quando os familiares foram contatados. Eles ficaram aliviados com a notícia, mas continua a angústia pelo retorno de Adriana. “Quando recebemos a notícia do terremoto já tínhamos notícias dela. Ela havia me mandado mensagem pelo whatsapp, então sabíamos que estava bem. Minha irmã que vive em Lisboa já havia falado com ela também, então ficamos mais tranquilos. Esperamos ansiosos pela volta. Não sabemos ainda quando será possível”, comentou Alessandra Faina, irmã da empresária.
Terremoto
O número oficial de mortes causadas pelo terremoto de 7,8 graus e que devastou o Nepal no sábado já passa dos 4 mil, segundo estimativa divulgada pela polícia nepalesa pelo Facebook, nesta segunda-feira. Os feridos chegam a 7.180 pessoas. A Organização das Nações Unidas informou que está liberando US$ 15 milhões de seu fundo de respostas a emergências para ajudar as vítimas do tremor. Um porta-voz da ONU, Farhan Haq, disse que o dinheiro permitirá que grupos de ajuda humanitária internacional ampliem suas operações e forneçam abrigo, água e medicamentos para as vítimas, entre outros serviços logísticos.