Policiais militares da 4ª Cia. do 1º Batalhão podem responder administrativa e criminalmente caso fique comprovado que foram omissos na fuga do empresário Célio Brasil Júnior, de 23 anos, que abandonou uma BMW na madrugada de domingo, depois de causar acidente na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, e ferir seis pessoas. O delegado Anderson Alcântara, coordenador de Operações Policiais do Detran/MG, informou ontem que é de conhecimento da Polícia Civil que o motorista foi embora quando os primeiros militares já estavam no local, contrariando a versão oficial da PM.
Testemunhas informaram que Célio apresentava sinais de embriaguez. Fora do local e sem ser rastreado pela polícia, ele escapou de uma provável prisão em flagrante. Com isso, segundo aPolícia Civil, a investigação terá mais dificuldades de comprovar se ele estava alcoolizado. “Já temos a informação de que os primeiros policiais que chegaram sabiam que o rapaz era o condutor do veículo. Temos uma agência de inteligência que funciona dentro da Cordenação de Operações Policiais (COP) e já conseguimos fotos e áudios que nos ajudaram a confirmar essa informação”, disse o policial. Cabe agora ao delegado Pedro Ribeiro, da Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos, investigar o caso e ouvir as testemunhas, que serão intimadas ainda esta semana. “Se ficar comprovado que houve algum tipo de negligência, vamos apurar e enviar ao comando da Polícia Militar para tomar as providências, já que os policiais estavam de serviço”, afirmou o chefe da COP.
Segundo o delegado, o plantão da COP só tomou conhecimento do caso às 12h58 de domingo, mais de oito horas depois do acidente. “Nesse momento, não cabia nenhuma ação de ir atrás do condutor aos policiais do plantão do Detran, porque já não seria possível mais obter flagrante. Mas sempre trabalhamos de forma integrada com a PM e estamos prontos para fazer qualquer diligência necessária para ajudar a encontrar o condutor, mesmo antes de receber o registro oficial da ocorrência”, completou o policial.
No momento do acidente, que aconteceu às 4h30 de domingo, o primeiro atendimento feito pela PM foi feito por viaturas da 4ª Cia. Apenas às 7h58, conforme o boletim de ocorrência, uma unidade do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) iniciou os trabalhos de praxe. Mas como o motorista da BMW modelo X6 tinha fugido, o soldado responsável pelo registro colheu apenas dados dos passageiros envolvidos e não fez rastreamento do endereço que consta na placa do veículo causador da batida.
Pela placa da BMW é possível conferir que o carro está no nome da empresa Avante Garde Motors Comercial Ltda, segundo fontes da Polícia Civil. A empresa é uma revenda de carros de alto padrão no Bairro Buritis, Oeste de BH, mas, segundo a polícia, esse carro teria sido adquirido pela mãe do motorista que estava dirigindo no momento da batida. A placa leva a três endereços, sendo dois de Lagoa Santa, na Grande BH, e um do Bairro Santa Efigênia, Leste da capital. O motorista conversou com a reportagem na noite de domingo e assumiu que dirigia o veículo, mas negou ter bebido. Ele alegou que dormiu ao volante, causando a batida. A advogada que inicialmente representa Célio Brasil, Helena Latalisa, disse que ele vai se apresentar à polícia e vai responder pelos crimes que a investigação apontar.
Versão mantida O tenente-coronel Vitor Araújo, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, confirmou ontem a versão oficial da corporação, de que os primeiros militares chegaram em um momento em que o motorista já tinha ido embora. Segundo ele, se ficar constatado o contrário, os envolvidos responderão pelos crimes ou falhas administrativas.
Já o tenente Nagib Magela, do BPTran, disse que se alguém envolvido na ocorrência quiser reclamar do atendimento da PM ao acidente, deve procurar a unidade ou a corregedoria da PM.