A Copasa se prepara para começar na próxima semana a obra que é a principal aposta da empresa de abastecimento e saneamento para livrar a Região Metropolitrana de BH de um colapso no abastecimento e evitar que medidas como o racionamento e rodízio sejam adotadas. Com recursos de R$ 180 milhões assegurados pelo governo do estado, o projeto de transposição das águas do Rio Paraopeba, em Brumadinho, na Grande BH, pode incrementar em até 4 mil litros por segundo o reservatório do Sistema Rio Manso, asseguram fontes da empresa. A companhia não se manifestou oficialmente sobre o assunto, sob a justificativa de se encontrar em período que antecede a divulgação de resultados ao mercado.
Para a transposição, será construída uma adutora de 4 quilômetros de extensão, desde o Rio Paraopeba, próximo ao Centro de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho, até a Estação de Tratamemto de Água do Rio Manso. A expectativa é de que a obra termine antes de dezembro. Nas proximidades do local, pescadores e lavradores confirmam que operários da Copasa passaram os últimos dias fazendo sondagens no terreno, que é constituído de pastos e segue margeando o Rio Manso até o encontro com o Paraopeba.
Morador da região há 37 anos, o lavrador Edson da Silva, de 71 anos, disse ter visto operários arrastando maquinário pasto adentro e fazendo marcações para a nova adutora. “Está mesmo precisado trazer água do Paraopeba. Nunca vi o rio (Rio Manso) tão seco assim. Só sobrou um filete.
A barragem do Rio Manso estava ontem com 52,5% de sua capacidade, bem menos do que volume que apresentava há um ano, quando chegou a 88,3%. É o maior dos três reservatórios que integram o Sistema Paraopeba, formado ainda pelas represas de Serra Azul e Vargem das Flores, e é responsável por 17% do abastecimento da capital mineira. Ao todo, o Sistema Paraopeba responde por 30% da água que a Copasa distribui para BH e outras 16 cidades da região metropolitana. Devido à falta de chuvas e à crise hídrica, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) precisou decretar situação de restrição de consumo em todas as captações do complexo Paraopeba, no mês passado.
O projeto de transposição das águas foi finalizado pela Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) em março, depois de avaliação da viabilidade jurídica por parte da força-tarefa criada pelo governo do estado para combater a crise hídrica na Grande BH. O parecer foi necessário, já que um adendo precisaria ser feito ao contrato da parceria público-privada (PPP) que administra o Sistema Rio Manso.
MANOBRAS Por causa da crise, a Copasa recorreu a várias manobras, algumas delas radicais, como a redução em 82% da captação do Sistema Serra Azul, que ontem tinha apenas 15,9% de seu volume total, 40,5% menos que em abril do ano passado, quando chegou a 39,2%. A operação preserva o reservatorio de uma seca antecipada, mas sobrecarrega outros mananciais, como o Rio das Velhas e o Rio Manso.
A captação média no Sistema Serra Azul caiu para 430 litros por segundo, o que representa 18% do que estaria sendo retirado normalmente nesta época do ano. De acordo com a Copasa, “a compensação dessas vazões vem dos outros sistemas produtores, que fazem parte do Sistema Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte, entre eles os sistemas Rio das Velhas e Rio Manso”.