Uma cadeira de balanço, chinelos felpudos nos pés e xales de tricô sobre os ombros. Se essa imagem faz você se lembrar de pessoas com mais de 60 anos, esqueça tudo o que você sabe sobre os sexagenários. O suplemento especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstrou um aumenta no número de idosos high-tech em todo o Brasil. Em 2008, 5,7% de pessoas com mais de 60 anos acessavam a rede mundial de computadores, passando para 12,6% em 2013. No Sudeste, o percentual é ainda maior. Em 2008, 7,7% de pessoas com mais de 60 anos acessaram a internet nos três meses de referência daquele ano. Em 2013, esse número mais que dobrou, passando para 17,1%.
Os novos velhos têm nas mãos celulares de última geração, estão conectados pelas mídias sociais e muitos até se arriscam nos videogames. Muitos deles ainda são trabalhadores ativos e estão cada vez mais conectados com o mundo, vivem uma vida autônoma e não estão assim tão distantes da geração Y.
Como não estão entre os nativos digitais, quem tem mais de 60 anos se aproxima com cuidado da tecnologia. Selmi temia fazer algo errado quando acessava o computador do marido e das filhas. “A palavra deletar me assustava. Tinha medo de apagar algo importante”, lembra. Aos poucos, percebeu que os riscos eram bem menores do que imaginava.
De um tatear temeroso ao universo tecnológico, Juçara Costa passou a usar, de forma habilidosa, as ferramentas digitais para divulgar o seu trabalho. Ela tomou coragem por incentivo de sua mãe. “Quando ela ficou viúva comprou um computador, frequentou aulas e passou a comunicar com todos. Minha irmã morava na Itália e ela usava o skype para se falarem. Recebeu até pessoas vindas do Canadá.
CURSO Se para muitos jovens não há mistério ao lidar com a tecnologia da informação e comunicação, para quem passou dos 60 anos, muitas vezes é necessário uma ajudinha. Há cursos para que eles possam ter noções básicas sobre programas de edição de texto e também para que possam usar e-mails, usar as mídias sociais e comunicadores instantâneos. “A ideia de oferecer o curso para os idosos foi minha, por causa de meus pais que quiseram aprender”, afirmou Moema Belo, diretora executiva do Colégio Técnico e Faculdade Cotemig. No ano passado, inicialmente foram ofertadas 50 vagas na unidade do Bairro Barroca e 50 vagas na unidade do Floresta. No entanto, a procura foi tamanha, que tiveram de abrir um terceira turma. Para este ano, está prevista o início das aulas para setembro. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 3313-6501.
Jovens invadem a rede mundial
Embora o acesso tenha crescido entre os idosos, os usuários jovens, com maior escolaridade e renda, estão entre os que mais acessam a internet no Brasil, de acordo com a Pnad 2013. Entre as pessoas de 10 a 39 anos, o uso da internet ultrapassa os 50%. Em termos de anos de estudo, os brasileiros com pelo menos o ensino superior completo (15 anos ou mais de estudo) sustentam os maiores índices de uso da internet (89,8%).
Em relação à renda, o avanço do acesso à internet ocorreu principalmente entre as faixas mais baixas, embora o alcance da tecnologia continue sendo maior nas famílias mais ricas. De acordo com o órgão, 23,9% das pessoas com renda domiciliar per capita entre zero e um quarto de salário mínimo tinham acesso à rede em 2013. Essa fatia aumenta quanto maior é a renda, chegando ao pico de 89,9% de frequência na faixa de renda per capita acima de 10 salários mínimos. Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal per capita de quem possuía, em 2013, um computador ou tablet era de R$ 1.572, mais que o dobro dos R$ 687 de quem não tinha tais ferramentas para acessar a internet.
O microcomputador é o meio preferido pelos brasileiros para acessar a internet, seguido do telefone móvel celular e do tablet. Na média do país, 88,4% dos domicílios com acesso à internet usam o microcomputador. Na sequência aparecem o telefone celular (53,6%), o tablet (17,2%), a televisão (2,7%) e outros equipamentos, incluindo videogames (0,7%). No Sudeste e no Centro-Oeste, o microcomputador continua sendo o protagonista, mas cada vez mais dividi espaço: aproximadamente um a cada dez domicílios nessas regiões possui tablet, e o uso desse equipamento para acessar a internet também está entre os mais elevados do País. O porcentual de domicílios que recorre ao tablet para acessar a internet ficou em 19,2% no Sudeste.