Jornal Estado de Minas

Seds vai usar carceragens da Polícia Civil e imóveis públicos para abrigar presos em MG

As medidas emergenciais visam ajudar a combater a crise no sistema carcerário mineiro. Nos últimos dias, presos encheram as delegacias por falta de vaga nos Ceresp

João Henrique do Vale
As delegacias de Belo Horizonte têm ficado, nos últimos dias, lotadas de presos à espera de uma vaga em algum Centro Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A situação deixa policiais militares presos nas unidades à espera da confecção dos boletins de ocorrências. O secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, afirmou, nesta quarta-feira, que pretende tomar medidas emergenciais para gerar mais vagas. Entre elas, está o uso de carceragens da Polícia Civil, reativação de cadeias, que serão reformadas, além de adaptação de prédios públicos ociosos.

A crise no sistema carcerário se agravou com o fechamento, devido a decisão judicial, do Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) Gameleira, em Belo Horizonte. O local era uma das principais portas de entrada de criminosos detidos na capital mineira. Em abril, o Estado de Mians mostrou que as seis unidades de regime provisório em Minas – Betim, Contagem, Juiz de Fora e Ipatinga, além da Centro-Sul e Gameleira, em BH – abrigam um número de presos duas vezes maior do que a capacidade de acolhimento. Dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostram que os Ceresps somam apenas 1.510 vagas para um universo de 4.638 detentos.

Nos últimos dois dias, as Centrais de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan) no Bairro Floresta, Região Leste de BH, ficaram tomadas por presos que esperavam dentro das delegacias para serem enviados para um Ceresp. Vítimas e policiais militares chegaram a esperar mais de 12 horas para encerrar uma ocorrência.


De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), a população carcerária de Minas Gerais teve aumento líquido de 3.336 detentos em 2015, considerando os números de abril. Isso dá uma média de 834 presos adicionais por mês, que no fim do ano tem acumulado de 10 mil presos a mais no sistema.

Em nota, enviada na tarde desta quarta-feira, o secretario de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, serão tomadas medidas emergenciais “brevemente”. Sem citar data, afirmou que vai utilizar carceragens da Polícia Civil, reativar cadeias mediante reformas e adaptar prédios públicos ociosos. Disse, ainda, que a Seds se concentrará na retomada de obras de presídios paralisadas por falta de pagamento. .