Comerciantes e moradores do quarteirão da Rua Tupis entre Avenida Afonso Pena e Rua Espírito Santo, no Centro de Belo Horizonte, ameaçam acionar a prefeitura na Justiça por causa do atraso de uma obra que se arrasta desde janeiro, agora com previsão de ser concluída até o final do semestre – mas sem data estabelecida. Segundo eles, há poucos funcionários trabalhando e o serviço chega a ficar quatro dias parado, prejudicando ainda mais a vida de motoristas e pedestres. Lojistas também reclamam de prejuízo.
Inicialmente, a BHTrans havia prometido entregar o serviço na segunda quinzena de abril. Em 8 de abril, o Estado de Minas esteve no local e a nova promessa de encerramento foi prevista para o fim da primeira semana de maio, mas pouco foi feito nesse período e os transtornos continuam.
O advogado William Ferreira dos Santos, síndico de um prédio comercial, disse que ainda não entrou na Justiça por temer o embargo da obra e ela demorar ainda mais para ficar pronta. As mudanças na Tupis fazem parte da primeira fase da Operação Trânsito Melhor (Mobicentro), projeto cujo desafio é melhorar a mobilidade no Hipercentro.
Dona de uma loja de calçados, Poliana Dutra Fernandes, de 27, está preocupada com a queda nas vendas. “Antes, a rua tinha estacionamento rotativo e as pessoas paravam os carros para comprar. No início da obra, até os pedestres deixaram de passar pelo quarteirão quando viam os tapumes. As vendas caíram 50% em fevereiro, a situação não melhorou, o Dia das Mães está chegando e a minha loja está vazia”, critica Poliana. Além disso, ela disse se sentir insegura para trabalhar até mais tarde. “Antes, eu fechava as portas às 19h. Hoje, fecho às 18h. A rua fica deserta e tenho medo de assalto”, comentou.
Para compensar o prejuízo, Poliana decidiu abrir o estabelecimento aos domingos, aproveitando a freguesia da feira de arte e artesanato da Afonso Pena. Mas, segundo ela, não anda compensando. “Antes, o público da feira estacionava o carro na Tupis e entrava na loja. Agora, isso não pode mais”, disse a comerciante, que questiona ainda a qualidade do trabalho. “Colocaram duas camadas de pedra na rua. Depois jogaram cimento e brita por cima. Aí, veio a chuva e levou tudo embora. Resultado: o serviço é feito mais de uma vez”, denuncia.
William Ferreira faz críticas no mesmo sentido. “Colocaram bocas de lobo com altura excedente. Depois, quebraram tudo para construir de novo. O calçamento de pedras (paralelepípedos) será um outro erro, pois fica escorregadio quando chove. Se antes os carros patinavam na subida, com os ônibus descendo vai ser um perigo. Queremos que a obra prossiga, mas que coloquem trabalhadores suficientes e mais experientes”, reage o advogado.
À noite, principalmente nos fins de semana, o quarteirão fica deserto e, de acordo com o advogado, tem sido usado para a prática de sexo e de outros atos ilícitos. “Nossas câmeras de segurança já flagravam muitas coisas”, comentou.
Clientes de três estacionamentos estão tendo dificuldade de passar pela obra com os seus carros, reclama um dos gerentes, Fernando Santos Cruz, de 30. “Antes, a gente faturava R$ 2 mil por dia. Hoje, se entram R$ 100 no meu caixa, é muito”, contabiliza. Para chegar à garagem onde Fernando trabalha os veículos passam por cima da calçada do prédio vizinho. “Se não está chovendo, a gente sofre com a poeira. Se chove, é lama na portaria do prédio. O barulho é infernal. A gente não consegue conversar direito com o cliente”, reage o advogado William. Do outro lado da rua, mais insatisfação. “O serviço está lento demais. É uma obra para 50 dias e ela já passa dos 90”, reclama o comerciante de cosméticos Kimila Souza, de 61, que também está incomodado com a poeira e o barulho.
Reforço A BHTrans atribuiu parte do atraso à constatação da necessidade de reforçar o pavimento da Tupis, para que possa suportar o tráfego de ônibus e de outros veículos pesados. “Como o calçamento em poliédrico do trecho da via é tombado como parte do Conjunto do Centro Histórico de Belo Horizonte, ele foi preservado”, diz nota do órgão. Ainda segundo a BHTrans, a obra será entregue até o final do semestre.
Primeira mudança vai ser liberada hoje
Enquanto prossegue a expectativa pela liberação das obras da Rua Tupis, outra intervenção que faz parte do pacote do Mobicentro deve começar a operar hoje, encerrando transtornos pelo menos na via lateral do Viaduto Santa Tereza, extensão da Avenida Assis Chateubriand. A mudança de circulação passa a valer no trecho entre a Rua da Bahia e a Avenida dos Andradas, que passa a operar em mão única nesse sentido .
A inversão permitirá a ligação das regiões da Avenida Amazonas com a Área Hospitalar da capital. Para os motoristas, a ligação pode ser feita seguindo da Amazonas para acessar a Rua dos Tamoios, cruzando a Avenida Afonso Pena e a Rua da Bahia para pegar a pista lateral do viaduto e, finalmente, a Avenida dos Andradas (à direita).
Com a alteração, para acessar a Rua da Bahia, o motorista que vem da Avenida dos Andradas (sentido Viaduto da Floresta/Viaduto Santa Tereza) tem duas opções: Avenida dos Andradas, Rua Caetés (à direita) e Rua da Bahia (à esquerda); ou Avenida dos Andradas, Rua Carijós (à direita) e Rua da Bahia (à esquerda).
A alteração faz parte da Fase 1 do Mobicentro, que contemplará ainda mudanças no entorno da Avenida Afonso Pena e das ruas Curitiba, Tupinambás e Espírito Santo, além da Tupis, onde a obra está atrasada. Nessa intervenção, a Rua Espírito Santo, entre Tupis e Avenida Afonso Pena, atualmente mão única nesse sentido, passará a mão dupla. A Tupis, entre Afonso Pena e Espírito Santo, atualmente mão única nesse sentido, também terá a mão de direção invertida.
Dia de pedalar, e com passe grátis
Hoje é Dia de Ir de Bike ao Trabalho. Inspirada no Bike To Work Day, a campanha é realizada em vários cantos do mundo para promover a bicicleta como uma opção de transporte para o dia a dia.
O belo-horizontino vai poder aproveitar a data para andar de graça nas magrelas do Bike BH. O projeto de compartilhamento disponibiliza 400 bicicletas em 40 estações espalhadas pela Região Centro-Sul e orla da Lagoa da Pampulha, na capital. Já tem quase 35 mil usuários cadastrados e contabiliza mais de 34 mil viagens. Para apoiar a campanha, será oferecido um passe gratuito para cada cadastro, com durabilidade apenas para hoje.