Na véspera do Dia D da campanha de vacinação contra a gripe, funcionários da saúde de cidades do interior de Minas Gerais relatam não ter recebido doses suficientes para atender a demanda. Elas tiveram que adiar o início da campanha, no dia 4 de maio, para garantir o estoque.
O em.com.br ouviu profissionais de três dos 28 municípios que pertencem à Gerência Regional de Saúde (GRS) de Diamantina, da Secretaria de Estado de Saúde, sobre o problema. O coordenador da Vigilância Epidemiológica de Serro, Adelmo de Matos Machado, explica que a Secretaria Municipal de Saúde havia preparado faixas, cartazes e outros materiais para a campanha, mas a divulgação foi suspensa depois que o município recebeu apenas 25% das vacinas previstas. “Recebi 1.170 doses. O que me amola mais é que a segunda causa de internação aqui no município são doenças respiratórias e pneumonia. Isso vacinaria só o centro da cidade”, explica. Segundo ele, o total de pessoas a ser vacinadas é de 4.680. Durante a semana, quem procurou os postos para ser imunizado teve que voltar para a casa sem a dose.
No sábado, seis dos nove postos de vacinação – quatro na área urbana e dois na zona rural – estarão abertos para receber o público, mas o coordenador acredita que os locais podem ser fechados antes das 16h, horário programado para o encerramento das atividades, se as vacinas acabarem. Ainda assim, somente o público principal será imunizado: crianças 6 meses a menores de 5 anos, puérperas (até 45 dias após o parto), gestantes de qualquer período de gestação, trabalhadores da saúde e idosos. Os detentos e pessoas com histórico de doença pulmonar crônica, problema renal, diabéticos e hipertensos serão vacinados somente depois do Dia D.
“A gente fica preocupado em não cumprir a meta porque tem resistência da população idosa, é um trabalho muito demorado. Se os idosos comparecem e não recebem a vacina fica mais difícil, e se não atingir a meta cortam a verba do município”, diz Adelmo de Matos Machado.
No município vizinho, Presidente Kubitschek, o cenário é o mesmo. Segundo a enfermeira Cláudia Cordeiro, da Unidade Básica de Estratégia e Saúde da Família da cidade, são 1 mil pessoas a ser vacinadas, mas foram recebidas apenas 200 doses, que chegaram na quinta-feira. Eles esperam receber outros 10% nesta sexta. “Eu acredito que até o meio-dia as vacinas todas vão acabar e vamos permanecer com o posto aberto para informações”, diz.
A situação se repete em Alvorada de Minas. De acordo com o secretário Municipal de Saúde, Danílio Clécio Ferreira, a cidade recebeu apenas 25% das doses necessárias para alcançar a meta de vacinação. No município, o público-alvo é de 950 pessoas, mas os postos terão 200 doses para distribuir. “Amanhã ficaremos até 16h com os centros de saúde abertos, mas podem acabar as doses”, relata.
Questionada sobre a situação, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou, por meio de nota, que não foi informada sobre a falta de vacinas em nenhum município. A pasta comunicou que “todos foram abastecidos com uma parcial das doses, portanto todos terão doses da vacina para o Dia D”. Disse, ainda, que já foram disponibilizadas 70% das doses aos municípios, o que representa um total de 3.349.080 doses. Outras remessas estão previstas durante o decorrer da Campanha.
O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que “todos os estados já receberam vacina para iniciar a campanha”. As doses, segundo o documento, estão sendo distribuídas conforme o cronograma de entrega do laboratório produtor. O órgão informou que as 54 milhões de doses serão distribuídas ao longo da duração da campanha, de acordo com a logística dos estados, que são responsáveis por encaminharem aos municípios.
O Ministério da Saúde negou que há falta de vacina para a campanha nacional contra a gripe e que Minas Gerais já recebeu 68% do que será destinado para todo o período da campanha de vacinação de influenza.